O novo coronavírus também é implacável com quem está na linha de frente no combate à pandemia. Em Minas Gerais, desde março, 322 profissionais de saúde perderam a vida por complicações da Covid-19 – uma média de dois trabalhadores a cada 24 horas. Pelas estatísticas, publicadas no Boletim de Dados Complementares, da Secretaria de Estado de Saúde (SES), metade dos óbitos (160) ocorreu em julho, e agosto já acumula 46 registros.

Em todo o território, o número de infectados chega a 5.375. Os dados não detalham quais as funções das vítimas, mas abrangem médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem, dentre outros. As informações são compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs).

Presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Cibele Carvalho destaca existirem estudos indicando que quanto maior a carga viral recebida, maior a chance de desenvolver a doença. “Os profissionais da saúde lidam diariamente com pessoas contaminadas. Por mais que se tenha toda a proteção, paramentação, há um risco”.

“De acordo com a SES, 563 profissionais de saúde que trabalham nas 20 unidades geridas pela Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), em todo o Estado, testaram positivo para Covid-19, entre médicos, fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Três servidores morreram”

Por conta da exposição intensa, nem mesmo os mais jovens são poupados, observa a conselheira. Foi o caso da médica Paloma Alves dos Santos, de 27 anos, que perdeu a batalha para a Covid-19 no último dia 13, após duas semanas internada. A mulher atuava em Nanuque, no Vale do Jequitinhonha.

Entre os técnicos de enfermagem, mais mortes. Só em Belo Horizonte, pelo menos oito morreram em decorrência da doença. Uma das mais recentes, no início desta semana, foi a de um técnico de enfermagem, de 35 anos, funcionário em um hospital particular da capital. Da mesma área, Shirlene Alves dos Santos, de 53, também não resistiu à batalha, na última sexta-feira. Ela atuava em um centro de saúde em Venda Nova.

A presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MG), Carla Prado, diz que esse profissional é o mais atingido pela pandemia porque está próximo dos doentes e, assim, mais exposto.

“Ele presta cuidado o tempo todo, é quem vai dar banho, fazer medicação e conversar com o paciente. Consequentemente, nesse grupo há um número maior de contaminados e falecidos”.

Além disso:

No primeiro mês da pandemia de coronavírus no Brasil, o Conselho Regional de Medicina (CRM) recebeu pelo menos 300 denúncias referentes às condições de trabalho em Minas. Porém, segundo a presidente da entidade, Cibele Carvalho, a grande maioria das queixas não se confirmaram.

“Por ser tratar de uma doença muito nova e desconhecida, na época muitos médicos tiveram insegurança sobre os equipamentos de proteção individuais que deveriam ser usados. Também tivemos problemas na compra de materiais, mas estava faltando em todo o mundo. Hoje não recebemos mais nenhuma denúncia”, diz.

Ainda segundo Cibele, independentemente do cenário, esses profissionais desejam estar no combate mesmo que integrem o grupo de risco. “Recebemos pedidos de orientações de médicos que queriam saber se podiam atender (casos de Covid), mesmo tendo alguma comorbidade. Eles têm esse direito de atender. Em meio a isso tudo, o que queremos é que o legado desse médico que foi para o sacrifício seja lembrado”.

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