O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), fez seu voto na Vila Militar, e, na saída, cercado por seguranças, fez a defesa do voto impresso em coletiva de imprensa e colocou em xeque o sistema de voto eletrônico.
Cercado pela imprensa, Bolsonaro anunciou seu voto no candidato do Republicanos, Marcelo Crivella e fez comentários fortes sobre a urna eletrônica e o atual processo eleitoral, contando que na próxima eleição presidencial o sistema esteja seguro.
“Eu votei no Crivela e todo mundo sabe disso. O que espero do sistema eleitoral brasileiro, que nós possamos ter em 22, é um sistema seguro, que possa dar garantias ao eleitor de quem ele votou, se o voto efetivamente foi para aquela pessoa. Então a questão do voto impresso é uma necessidade e isso está na boca do povo, desde há muito, luto no tocante a isso, que as reclamações estão demais. Não adianta alguém querer bater no peito e falar que é seguro. Não tem como comprovar”, explica.
Bolsonaro conta que devido aos vários ataques de hackers pelo mundo, inclusive no Brasil, a existência do voto impresso com a urna eletrônica deve ser implantado e diz que já está conversando com o Congresso Nacional para botar em pauta.
“Estamos vendo o trabalho de hackers em tudo quanto é lugar aqui e ate fora do Brasil. Entao, o voto impresso do lado da urna se faz necessidade. Tenho conversado com varias lideranças do Congresso e nos pretendemos, no começo do ano que vem, partir para isso. A decisão é do poder executivo e do poder legislativo a busca do voto impresso”, relata.
O presidente diz que é necessário ouvir todas as reclamações sobre os problemas com a urna eletrônica e diz que só foi eleito porque recebeu muito voto na última eleição presidencial. “Nós temos que ouvir todo mundo, pode ser que alguma reclamação não proceda. na minha eleição de 2018, eu só entendo que só fui eleito porque tive muito, mas muito voto”, dispara.
Bolsonaro apontou supostos problemas como botão colado e urnas supostamente alteradas. “Agora tinha reclamação, que ia votar no 17, e não conseguia votar, mas votava no 13. O que aconteceu em muitas secções, e vao querer que eu prove. É sempre assim”, protestou.
Ele completa com mais relatos de supostas fraudes. “O cara colocava um pingo de cola na tecla 7. Mas, não votava no 17. Isso é um tipo de adulteração, forçação de barra. Mas, a confiança no voto eletrônico, basta você ver em outros países, onde essa forma de votação é feita. Então, a partir deste momento você tem que ter uma forma outra mais confiavel de votar e mais ainda a apuração tem que ser pública”.
O presidente da República denunciou teclas de urnas coladas e a falta de confiança no sistema de votação. E acredita que o sistema atual não é transparente e que precisa ser mais confiável com uma apuração pública, fazendo mais críticas ao sistema de apuração eleitoral. “Então, a partir deste momento você tem que ter uma forma outra mais confiável de votar e mais ainda a apuração tem que ser pública. Não pode ser meia dúzia de pessoas para contar voto do brasil todo. isso ta errado. ate tá na própria constituição, a apuração tem que ser pública”.
O chefe do executivo deu como exemplo a eleição de 2018, que os votos seriam contados de forma alternada. Ele fez a comparação da contagem de votos dele contra o então candidato à época Fernando Haddadd (PT) como “contar quantos grãos de areia tem na praia de Copacabana”. Para Bolsonaro, o voto impresso deve ser junto com o voto eletrônico. Ele desacreditou do sistema mais uma vez perante à imprensa e disse que o voto impresso poderia garantir a recontagem dos votos com mais segurança nas eleições.
“Não podemos continuar votando e não sabendo, não tendo certeza do voto, que o voto foi para aquela pessoa. E deixar bem claro: no voto impresso ninguém bota a mão no papel. Fica atras do visor, ele concorda depois que o voto ter sido impresso e cai dentro de uma urna. E aí qualquer um, um delegado, qualquer um, presidente de partido, pede a recontagem naquela área e você vai ter a comprovação do voto eletrônico e voto no papel”.
Críticas à ideia de Barroso de ter votação pelo celular
Em meio ao volume de críticas, Bolsonaro sem citar nomes, falou da ideia do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, de querer implantar o voto por celular. Bolsonaro foi enfático. “Alguns falam em voto por telefone… Tem gente que nunca entrou na casa ninguém, pessoa mais humilde, comunidade, seja lá onde for, para ver como seria o voto por telefone. Seria mais complicado do que o que tem atualmente. Porquê? Por que têm regiões que são tomadas por violência, comunidades que não tem a segurança devida, onde as pessoas votariam por telefone por candidatos indicados por aquela, entre aspas, ‘autoridade’ indicada do local”, diz.
TSE responde às criticas de Bolsonaro
Sobre essa fala do presidente Bolsonaro agora no SBT News, a assessoria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disse que já há decisão sobre o voto impresso no Supremo Tribunal Federal (STF) e que não vai comentar as declarações do Presidente da República.
Em setembro, STF declarou o voto inconstitucional
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em setembro, dentro da Lei das Eleições, que a implantação do voto impresso, para complementar o voto eletrônico, foi definido como inconstitucional. A lei 9504/1997, inclusa na minirreforma eleitoral de 2015 determinada que cada voto eletrônico feito contasse com registro impresso, depositado de forma automática e sem contato manual do eleitor, em local previamente lacrado.
Por temer fraudes, a Procuradoria-Geral da República (PGR) ajuizou a ação direta de inconstitucionalidade, que teve liminar concedida e referendada em junho. Foi avaliado que a impressão do voto não mantém o padrão de segurança vigente com o voto exclusivamente eletrônico, podendo trazer risco ao sigilo do voto, representando ameaça a escolha livre do eleitor.
SBT