Pelo segundo dia consecutivo, funcionários das empresas de transporte coletivo de Uberlândia paralisaram as atividades nesta manhã de sábado, 6, nos terminais de ônibus. Nossa reportagem fez o registro no Terminal Central.
Segundo os motoristas, eles não estão tendo condições sanitárias de trabalho dentro do que é preconizado pelo Ministério da Saúde para o período da pandemia do Coronavírus. Os coletivos não estariam sendo sanitizados conforme a Prefeitura de Uberlândia afirmou. Pelo menos 14 motoristas e fiscais morreram este ano em decorrência de complicações da Covid-19.
Os manifestantes reclamam ainda do não cumprimento de acordos coletivos firmados entre empresas e funcionários. Ainda segundo eles, há o agravante de os salários estarem parcelados no mês de março, em três vezes.
Na sexta-feira, 5, à tarde, os trabalhadores fizeram uma concentração na Praça Sérgio Pacheco, em frente ao Terminal Central. Logo depois, pelo menos 17 funcionários participantes do protesto foram demitidos por justa causa pelo WhatsApp e por telegrama.
“Lembrando que quando a Autotrans precisou, alegando que não tinha dinheiro pra rodar por falta de combustível, ela usou do meio de paralisação e não informou a população, não informou a ninguém e nada aconteceu. E nós que estamos reivindicando um direito que é verídico, não podemos. É inconstitucional o que eles estão fazendo. Eles podem, a gente não”, disse o motorista.
Os trabalhadores pedem justiça e apoio da Promotoria de Justiça.
Na manhã deste sábado, o Terminal Central foi tomado por uma paralisação pacífica, segundo os envolvidos. A Polícia Militar (PM) foi chamada. Um dos motoristas líderes do movimento foi preso.
À imprensa, a Polícia informou por meio de nota que “garante e sempre irá garantir o direito de manifestar do cidadão. Mas que também precisa garantir o direito de ir e vir das pessoas e, neste sentido, foi necessária a prisão de um dos líderes da manifestação, que impedia a entrada e saída dos ônibus nos terminais de ônibus”.
A nota diz ainda que o protesto “causou certo tumulto, envolveu manifestação ilegal, aglomeração de pessoas não permitida, inclusive diante do atual cenário (pandemia da Covid-19). Sendo assim, a manifestação ilegal foi finalizada. Foi efetuada a prisão do responsável pela aglomeração. E diante do cenário Onda Roxa, na busca por combater a pandemia, ele (motorista de ônibus) foi preso, não sendo necessário uso de força. Ele foi encaminhado à delegacia da Polícia Civil e o trânsito foi liberado, fluindo normalmente”.
O outro lado
O Sindett enviou nota alegando que a paralisação é ilegal, porque houve “completa interrupção do sistema com fechamento dos terminais, abandono e desassistência aos usuários do transporte, o que desrespeita a Lei de Greve”.
“O Sindett e as empresas de transporte público de Uberlândia informam que repudiam a ação ilícita realizada por motoristas na tarde desta sexta-feira (5), no Terminal Central. A paralisação, além de ter ocorrido de forma ilegal em um momento crítico da saúde pública na cidade, colocou em risco os clientes que utilizavam o transporte no momento.
Em um panorama nacional no qual empresas estão parando de operar e demitindo funcionários, as empresas que atendem o transporte público em Uberlândia, mesmo com 50% da receita, têm buscado mecanismos para minimizar o impacto dessa redução de clientes na folha de pagamento.
Quanto ao funcionamento do transporte, as concessionárias estão se esforçando para regularizar o mais rápido possível, contando com a recomendação do Ministério Público e a conscientização dos motoristas.
As empresas ainda reiteram que será aberta uma sindicância interna para apurar o caso e que os envolvidos serão responsabilizados pelo ato ilegal cometido.
A Autotrans se manifestou por meio de uma nota, dizendo considerar ilegal a paralisação do transporte coletivo, e que abriu uma sindicância interna para “aplicação das sanções adequadas a todos aqueles que eventualmente tenham participados desses ilegais atos”.
Para a empresa, não há base legal para a paralisação, já que a empresa encontra-se em processo de negociação coletiva com o Sindicato da categoria. Afirma ainda que houve violação de inúmeras normas legais atinentes às obrigações dos empregados para com a empresa, o usuário e os cidadãos da cidade de Uberlândia.”