Lançamento do recurso chamado ‘comunidades’ será feito após o segundo turno das eleições
O ministro das Comunicações, Fábio Faria (PP), afirmou nesta quarta-feira (27.abr) que a decisão do WhatsApp de lançar um novo recurso de grupos de conversa — com mais de 2 mil pessoas — apenas após as eleições não foi tomada devido a um acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A declaração foi dada em uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, após uma reunião com diretores do aplicativo de mensagens no Brasil. O encontro para o esclarecimento foi um pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em abril, o WhatsApp havia anunciado que o mecanismo chamado de “comunidades”, que reúne diversos grupos com milhares de usuários, seria lançado apenas após o segundo turno das eleições no Brasil, no fim de outubro. A decisão foi associada a um acordo com o TSE para que as redes sociais se empenhem contra a propagação de desinformação. Atualmente, os grupos abrigam no máximo 256 usuários.
“Saiu na imprensa que teria tido um acordo. Que o TSE teria pedido para o WhatsApp não iniciar as operações no Brasil antes da eleição. E eles deixaram claro para o presidente [Bolsonaro] que isso não ocorreu. (…) O presidente, depois que ouviu isso, entendeu completamente como sendo uma decisão da empresa, uma decisão de mercado. Então não tem porque e nem como o Poder Executivo interferir”, declarou.
O ministro ressaltou, no entanto, que a negativa garantida pelo WhatsApp ao presidente não quer dizer que o aplicativo não vai combater a disseminação de notícias falsas. Fábio Faria citou um exemplo de que, se alguém postar uma foto com um candidato contendo o número eleitoral de outro, esse tipo de mensagem será excluída, em atendimento à política da empresa firmada com o Tribunal Superior Eleitoral.
Após o encontro, os representantes do WhatsApp divulgaram um nota. Leia a íntegra:
“Como parte de seu diálogo constante com as autoridades dos países em que atua, o WhatsApp participou hoje (27.abr) de uma reunião com o governo brasileiro para fornecer mais informações sobre o recurso Comunidades e os planos da empresa para sua implementação no país. De acordo com o calendário já divulgado, a implementação da funcionalidade no Brasil ocorrerá somente após o período eleitoral.
É importante ressaltar que a decisão sobre a data de lançamento deste recurso no Brasil foi tomada exclusivamente pela empresa, tendo em vista a confiabilidade do funcionamento do recurso e sua estratégia de negócios de longo prazo. Essa decisão não foi tomada a pedido nem por acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Como já informado previamente, o WhatsApp assinou um memorando de entendimento com o TSE no início deste ano que inclui, por exemplo, um chatbot, um canal de denúncias para contas suspeitas de disparos massivos e treinamentos para a equipe da justiça eleitoral. Entre outras plataformas digitais, a empresa também é signatária do Programa de Enfrentamento à Desinformação desde 2019. No entanto, nenhum desses acordos com o WhatsApp faz referência à funcionalidade Comunidades ou ao seu momento de lançamento, pois esse tipo de decisão cabe à empresa.
Por outro lado, nos últimos anos, o WhatsApp fez uma série de parcerias estratégicas com o governo brasileiro que, de acordo com os próprios ministérios e órgãos vinculados, trouxeram eficiência na comunicação do governo e impactaram positivamente milhões de brasileiros, como o chatbot com o ministério da Saúde no início da pandemia e a conta oficial da CAIXA no WhatsApp para a comunicação com os beneficiários do Auxílio Emergencial.
Estamos no início do desenvolvimento de Comunidades para o aprimoramento do recurso antes de passar à etapa de lançamento global, o que não acontecerá por vários meses. Continuaremos a avaliar o momento exato para o lançamento da funcionalidade no Brasil e comunicaremos a data quando estiver definida. Reafirmamos que isso só acontecerá após as eleições de outubro”.