Em 133 dias eleitores de todo Brasil, terão a responsabilidade de escolher Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais.
Ainda consternados pela perda da magnífica Professora Marlene Salgado de Oliveira, na manhã desta sábado (22), trazemos uma reflexão inspirada e poderosa, escrita pela Professora Marlene. Uma verdadeira aula sobre história, cidadania e esperança.
“O poder do voto”, texto publicado originalmente em outubro de 2014, no Jornal O São Gonçalo e posteriromente publicado no livro, Recados da Professora. O livro traz uma coletânea de colunas escritas pela Professora Marlene para o Jornal.
O PODER DO VOTO – 05/10/2014
Hoje, o povo dá mais um passo no caminho de um processo que se realiza no país desde o século XVI, embora com outro formato. Àquela época, faziam-se eleições para governanças locais, realizadas até a Independência. A primeira eleição de que se tem notícia no Brasil, aconteceu no ano e 1532, para eleger o Conselho Municipal da Vila de São Vicente, em São Paulo. No entanto, as pressões populares e o crescimento econômico do pais passaram a exigir a participação de representantes brasileiros nas decisões da corte. Em 1821, para responder à esta demanda, eleições foram realizadas para escolher os deputados que iriam representar o Brasil nas cortes de Lisboa.
O tempo foi passando, mudanças foram sendo realizadas e nosso país hoje, é reconhecido por sua vasta representatividade democrática. Mas nem sempre foi assim. Tivemos, neste percurso, momentos de sérias restrições ao direito de participação popular no processo de escolha dos governantes: as mulheres não tinham direito de votar, o voto era definido pela renda – direito apenas dos ricos – e, controlado por coronéis – o chamado voto de cabresto. Há que se considerar, ainda, o tempo em que o direito de votar era vedado aos cidadãos – tempo das ditaduras. Isto mostra a importância do atual contexto politico e social do Brasil. Os dias dedicados à realização das eleições marcam um dos raros momentos em que todos se igualam, já que o valor do voto de cada cidadão é o mesmo, seja ele a que classe ou grupo social pertencer.
Além disto, o sistema informatizado das eleições brasileiras já é um sucesso, sendo, inclusive, apresentado como modelo em outros países. Mas, o maior sucesso em toda esta história é o estado democrático em que o povo brasileiro vive. Democracia significa “poder exercido pelo povo”. Uma das principais funções da democracia é a proteção dos direitos humanos fundamentais, como liberdade de expressão, de religião e as oportunidades de participação na vida politica, econômica e cultural da sociedade. E qual é a verdadeira proteção dos direitos humanos, senão ter um governo que implemente uma Educação eficiente e eficaz para todos, de forma que todos sejam realmente “alfabetizados”, sabendo ler as linhas e as entrelinhas das promessas proferidas pelos candidatos e escolher, conscientemente, o que poderá vir a ser o melhor para aquele que é o cerne de qualquer processo eleitoral: o povo.
Democracia sem educação é anarquia. Só a educação será capaz de ajudar qualquer povo a entender o que se esconde por trás do que se diz, a propósito de se dizer. Só a educação é capaz de oferecer instrumentos ao povo para que ele saiba buscar, nos canais que lhe são disponíveis, aquele que melhor o poderá representar. Antes de se colocar diante da urna, procure saber da vida pregressa do candidato e vote bem, no sentido de eleger aqueles que se preocupam com o que Nelson Mandela chamou de “a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”: a Educação. Esta se obtém, não com palavras que soam vazias de sentido, mas somente com os exemplos.
Cada um de nós, hoje, tem um grão de poder nas mãos. Plantá-lo em terra boa é a esperança de uma colheita certa. O “poder” é o seu voto.
Professora Marlene Salgado de Oliveira
