Inquérito realizado em 465 maternidades do país é coordenado pela Fiocruz
Pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) vão participar de um levantamento amplo sobre assistência pré-natal, partos, nascimentos e perdas fetais no Brasil. No trabalho, que está sendo conduzido pela Fiocruz, serão ouvidas 24.255 mulheres que ingressarem no sistema de saúde para o parto ou por perda fetal precoce, em 465 maternidades de todas as regiões do país.
Entre os objetivos, pretende-se estimar a prevalência de agravos e fatores de risco durante a gestação, avaliar a assistência pré-natal, ao parto e às perdas fetais, e verificar a ocorrência de desfechos maternos e perinatais (no período entre a 22ª semana de gestação e o 7º dia após o nascimento) negativos e seus fatores associados.
A pesquisa já teve início em vários estados e deve durar, pelo menos, mais um ano, conta Efigênia Aparecida M. de Freitas, docente de Enfermagem na Faculdade de Medicina da UFU e que participa, pela segunda vez, do Nascer no Brasil, como o projeto é denominado. A primeira edição ocorreu entre 2011 e 2012 e envolveu 266 hospitais.
“É um inquérito que tem uma importância muito grande para a atenção à saúde das mulheres no período reprodutivo, da saúde sexual reprodutiva, no parto, no nascimento, que subsidia a tomada de decisão, o planejamento das políticas públicas de saúde para atender às necessidades, às demandas reais da nossa população”, revela a docente.
A partir de agosto, Freitas vai coordenar o trabalho em oito hospitais públicos e privados de sete municípios de Minas Gerais: Uberlândia (2), Araguari, Uberaba, Lavras, Conselheiro Lafaiete, Alfenas e Coronel Fabriciano. A docente vai liderar uma equipe formada por seis estudantes dos cursos de graduação em Enfermagem e de Medicina, duas profissionais do Hospital de Clínicas da UFU e uma outra do setor privado. A estimativa é a de que, nas unidades de saúde dessas cidades, o levantamento esteja pronto até o fim deste ano.
Como explica a pesquisadora, a avaliação referente ao parto diz respeito às condições da mulher: qual foi a via de parto, se foi vaginal ou cirurgia cesariana, se foi um parto humanizado, se ela teve acompanhante, se houve alguma complicação como lacerações, se teve a necessidade de usar instrumentos como fórceps, ou seja, as características do parto.
“Já o nascimento, diz respeito ao bebê: se o bebê nasceu bem, respirou e chorou logo ao nascer, se mamou logo que nasceu, se foi colocado em contato pele a pele com a mãe, se precisou de alguma intervenção ao nascer, como oxigênio e manobras de reanimação”, exemplifica Freitas.
Ainda segundo a docente, desde 1996, quando a Organização Mundial de Saúde publicou uma lista de boas práticas em assistência na obstetrícia, ocorre um movimento de mudança no modelo assistencial, visando à humanização, ao respeito e à segurança das mulheres.
“Para que todas as mulheres tenham uma assistência qualificada, digna, respeitosa e segura durante todo o período gravídico puerperal, ou seja, desde o momento em que ela engravida, assistência pré-natal, respeitosa com todos os exames necessários, uma assistência acolhedora, esclarecedora, para que a mulher tenha condições de vivenciar um momento prazeroso no nascimento do seu filho, livre de julgamentos, de situações constrangedoras, de situações de negligência, de abusos e de violência”, acrescenta.
Portal Comunica UFU