A atleta de São Paulo conta que a prática da modalidade fez com que perdesse a timidez e a ansiedade

Aos 28 anos, a taekwondista Monica Rocha não escondeu as lágrimas. Depois de nove anos de puro esforço e dedicação, neste sábado (17. jun), ela conquistou a faixa preta do taekwondo e, assim, se tornou a primeira mulher com Síndrome de Down do Brasil com nível máximo na modalidade. A premiação ocorreu durante o terceiro festival de inclusão, no Ginásio do Ibirapuera. O evento foi organizado pelo Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural (IOK) –  associação sem fins lucrativos que desenvolve projetos para atender pessoas com deficiência – com o apoio da Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência e da Secretaria Especial do Esporte. Veja as imagens do momento:

O símbolo da faixa preta representa a sabedoria e o conhecimento, o alcance da maturidade e o desenvolvimento intelectual do praticante. Monica reconhece que depois que começou a praticar taekwondo perdeu a timidez, a ansiedade e conseguiu preencher o vazio que sentia.

Ela lembra que, no início, precisou convencer o pai de que a modalidade era também praticada por mulheres. “Eu disse: mulher também luta!”, enfatiza. Hoje, o pai de Monica é um dos seus maiores incentivadores. Gildete Rocha, mãe da atleta, explica que a filha se dedica por quase uma década ao esporte e, agora, o maior reconhecimento foi conquistado. “Houve épocas que achamos que não iríamos chegar na faixa preta”, diz Gildete.

Atualmente Monica é instrutora no Instituto Olga e reconhece que, em alguns lugares em que treina, é a única pessoa com deficiência.

Segundo Ranniere Couto dos Anjos, instrutor de taekwondo do Instituto Olga, a ideia é demonstrar o quão benéfica é a utilização das artes marciais como forma de inclusão. “Elas trabalham o respeito, a disciplina e a força de vontade em superar as dificuldades para sobrevivência e muito disso vemos no mundo das pessoas com deficiência”, explica.

O presidente do Olga, Wolf Kos, reforça que a Monica Rocha é pioneira dentro e fora da instituição e que está confiante de que ela será a primeira dentre muitas pessoas com deficiência a receber a faixa preta.