EM 12/08/2023 – BETIM 0 x 1 UBERLÂNDIA – O MAIOR JOGO DA HISTÓRIA DE MINHA CARREIRA
Para reforçar o título deste conteúdo, trata-se do maior jogo de minha carreira, e não o maior da história do Uberlândia Esporte Clube.
Infelizmente, desde 1997, o Furacão Verde vem acumulando frequentes rebaixamentos do Campeonato Mineiro Módulo I, para o Módulo II. Este foi o sexto acesso da equipe.
Impossível esquecer cada detalhe, cada um que fez parte das campanhas vitoriosas de 1999, 2005, 2008, 2015 e 2019.
Mas, o triunfo deste ano, simplesmente foi espetacular.
Tudo conspirava para não dar certo. Crise política e institucional no clube; incertezas e vários “nãos” de atletas, que sabendo da gravidade política alviverde, preferiram recusar o convite para defender a camisa centenária do Furacão.
Mesmo assim, o elenco foi bem montado, com atletas interessantes tecnicamente. Claro, um ou outro ficou abaixo da média geral, o que é normal.
Com o comandante técnico inicial, o Verdão não decolava na competição, ao ponto de, na última rodada da primeira fase, correr sério risco de não classificar para a fase final. Se não fosse a força dada pelo Nacional, de Muriaé, que venceu o Varginha, o UEC teria encerrado naquele momento, a sua participação no Módulo II
A partir da segunda rodada do Hexagonal, tudo começou a mudar. Com a chegada do técnico Cléber Gaúcho, um novo jeito de jogar. Uma equipe ofensiva, com marcação alta e nunca desistindo da vitória. Dois empates seguidos fora de casa; posteriormente, três vitórias em sequência!
A história diz que nunca foi fácil. Vieram duas derrotas seguidas. Para a URT, um turbilhão de erros técnicos e táticos, e para o Itabirito, ficará para sempre na memória de todos, o maior erro de um bandeira, na história do Parque do Sabiá.
O sonho de voltar à elite desmoronou-se para a apaixonante torcida do coração verde e branco.
Novamente, a força; a união; a garra de um grupo de guerreiros. Restava vencer os dois últimos jogos, e talvez, contar com a sorte de combinação de resultados.
Na penúltima rodada, uma goleada de 5-1 em cima do Aymorés. Mas, como vencer o Betim, na casa deles, sendo que, um empate era suficiente para a excelente equipe da grande BH?
A semana que antecedeu o duelo final, foi cercada de intensa ansiedade e bastidores com os nervos a flor da pele.
Tratava-se do mais importante jogo da história do Betim. O time nunca estava tão perto de chegar à elite de Minas pela primeira vez.
Tudo foi preparado para uma grande e particular festa deles.
Alegando falta de estrutura da arena e de seu entorno, o Betim proibiu a entrada da torcida do Verdão;
A diretoria Alviverde não se deu por vencida, em tempo recorde, conseguiu uma liminar no Tribunal de Justiça Desportiva de Minas Gerais (TJD-MG), que garantiu a presença da massa e com as cores do clube.
Em paralelo, o técnico Cléber Gaúcho, e o seu time de auxiliares preparavam os atletas – técnica e mentalmente – para a batalha final.
Chegou o grande dia, e a partir daqui, passo a escrever em primeira pessoa.
Cheguei na arena Vera Cruz, ao lado de meu companheiro Marco Franco. O palco estava armado literalmente para o acesso deles.
Afinal, bastava o empate. A imprensa de toda a região já dava como certa que a elite era questão de 90 minutos. Já falava na melhoria estrutural do estádio, pois, na primeira divisão, a exigência é bem maior.
O meu coração me dizia que o “impossível” para muitos, seria transformado em glória para o Verde.
Quando a bola rolou, o que se viu, foi um jogaço de futebol. Dois times em campo jogando abertos, em busca da vitória; os goleiros Fabrício (Uberlândia) e Felipe Costa (Betim) operando milagres.
O primeiro tempo terminou sem gols, mas se o placar apontasse 2-2, não seria exagero.
Cada vez mais, o meu coração acelerava na certeza que, com o passar do tempo, o Betim iria se recuar, e o Furacão Verde, aumentaria a pressão.
Minha gente! Eu disse várias vezes ao longo da transmissão pela Rádio Vitoriosa 105,5 FM, sobre o meu orgulho de estar transmitindo, uma das maiores atuações da história do Verdão.
O tempo todo, os guerreiros jogaram pra cima, foram pra dentro do adversário, sem medo de serem felizes. O goleiro deles passou a fazer sequência de defesas impressionantes.
Chegou o momento do tudo ou nada. O técnico Cléber Gaúcho tirou laterais, zagueiro, volante e colocou atacantes.
Esse tudo ou nada é apenas um jargão do futebol. Um tudo ou nada que foi pensado, foi treinado e executado com maestria.
A pressão para cima do Betim só aumentava.
O cronômetro chegou a 45 minutos. A placa subiu indicando 8 minutos de acréscimos. Meu coração acelerou ainda mais, pois o gol era questão de segundos.
Aos 49, pênalti pro Verdão. Eu nunca coloquei tanta emoção para narrar a marcação de uma falta máxima!
Muita coragem do jovem árbitro Paulo César Zanovelli. Ele honrou o escudo FIFA.
A união do grupo prevaleceu de novo. O batedor oficial e artilheiro do time, Anderson Magrão entregou a bola para Michael Paulista. Um gesto de humilde, literalmente.
Michael, que foi o principal jogador da equipe nas primeiras rodadas, mas que caiu de produção nas batalhas seguintes, não titubeou da gigantesca responsabilidade, e cobrou com maestria. Era o goooolllll da vitória; do acesso; do retorno à elite de Minas!
O estádio ficou incrédulo, não se acreditava no que se via. Um mini-maracanazzo. O impossível virou pesadelo para toda uma região que vestiu a camisa do Betim.
O árbitro determinou outros 5 minutos mais longos do mundo. Afinal, como segurar a pressão do adversário sem laterais, zagueiro e volante?
Só que, os gladiadores verde e branco estavam com sangue nos olhos. De corpo e alma se entregaram naqueles intermináveis minutos, até o apito final. Era a consagração do trabalho concretizado com sucesso absoluto!
Como diz o hino: “… como ontem, a luta é a mesma, agora”. E que luta, torcida!
Começaram a cair leves pingos de chuva, mas na realidade, eram lágrimas de alegria “dos amigos de outrora, que nos ajudaram lá do céu”.
É impossível descrever a energia, a luta, a entrega e a atuação de cada atleta. A vitória épica só foi conquistada porque até o último segundo, todos correram atrás dela. Não desistiram jamais.
O Verdão deixou em campo, o suor, o sangue e lágrimas.
Por tudo que relatei, e por tantas coisas que vi e transmiti, a data de 12/08/2023 reservou o maior jogo que transmiti, na história de minha carreira.
É impossível esquecer de cada um que defendeu o Furacão, em mais esse acesso.
Em especial, os que guerrearam na batalha final:
Fabrício; Thiago Baiano (Gabriel Henrique), Jamerson, Rafael Castro (Léo Xavier), Gabriel Carioca (Márcio JR.); Elias (Michael Paulista), Caio Melo (Jardel), Michel Borges; Aslen, Anderson Magrão, Caíque. Técnico: Cléber Gaúcho.
JUÍZO. É O QUE PEDE O FUTURO
É ano de eleições no Uberlândia Esporte Clube. Que o universo de associados faça o melhor para a instituição. O Módulo I está logo ali. Que esta casa subdividida possa ser restaurada. Que todos possam remar para a mesma direção. Que o clube se restabeleça em unidade de valor. Falarei sobre numa outra oportunidade.
Até porque, agora não é hora de contar as derrotas fora de campo, e sim, de celebrar as conquistas dentro dele, que resultaram em uma gigantesca vitória!
Texto: Wander Tomaz