Estado é reconhecido como Zona Livre de Febre Aftosa com vacinação desde 2001; agora autoridades buscam reconhecimento de Zona Livre sem vacinação; Seapa aponta economia de R$ 700 milhões por ano

Pela primeira vez desde 1950 quando teve início no Brasil a vacinação contra aftosa, Minas não vacinará seus rebanhos contra a doença. O último registro da enfermidade no estado foi em 1996. A erradicação e o reconhecimento de Zona Livre de Febre Aftosa ocorreu em 2001 pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Mesmo assim, por precaução, a vacinação ainda estava sendo mantida. Esse é o primeiro ano que a vacinação está suspensa.

“Este é um momento histórico para nosso estado, pois há 70 anos temos vacinado nosso rebanho. Considero a retirada da vacinação contra febre aftosa uma vitória, mas ainda temos muito trabalho a fazer. Agora, a necessidade é atualizar os dados do rebanho para que possamos monitorar de forma eficiente nosso território. Esta é uma exigência da Organização Mundial de Saúde Animal, (OMSA) além de ser uma medida preventiva. Então, convocamos os produtores mineiros para procurarem o IMA e atualizarem seus dados. Isso pode ser feito pela Internet ou mesmo presencialmente em uma de nossas unidades.” Antônio Carlos de Moraes, diretor-geral do IMA.

Além de Minas, os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo,  Tocantins e o Distrito Federal não têm mais a vacinação obrigatória. A suspensão só foi possível após uma série de ações sanitárias desenvolvidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em conjunto com os estados no âmbito do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância da Febre Aftosa (PE/PNEFA), desde 2017.

MAPA e IMA deverão fazer estudo

O gerente executivo técnico do Sistema FAEMG SENAR, Bruno Rocha de Melo, lembra que, em 31 de março desse ano, foi publicada a portaria 574 pelo Mapa que proíbe o armazenamento, a comercialização e o uso da vacina anti-aftosa em Minas. “A partir de agora, cabe à Vigilância Sanitária verificar a sanidade desses animais. E esperamos que, no próximo ano, tenhamos um estudo conduzido pelo Ministério da Agricultura e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) para confirmar a ausência de circulação viral do vírus da febre aftosa”, disse Bruno.

Suspensão representa economia de R$ 700 milhões

 

Os benefícios da retirada da vacinação já são percebidos pelos elos da cadeia produtiva. As estimativas da Seapa apontam uma economia de aproximadamente R$ 700 milhões por ano, para a pecuária de Minas, considerando os gastos com os imunizantes e com pessoal para aplicação e as perdas na produção de leite, devido à imunização das fêmeas leiteiras.

Nos últimos anos, o compromisso dos pecuaristas nas campanhas de vacinação contra a febre aftosa, aliado às ações em defesa sanitária animal, garantiram índices de vacinação dos bovinos e bubalinos superiores a 95%. Em 2021, Minas Gerais alcançou índice de 97,5% de cobertura vacinal de bovinos e bubalinos.

História da doença

A febre aftosa foi detectada na Itália em 1514. No Brasil, o primeiro registro ocorreu em 1895, no Triângulo Mineiro. Como prevenção, o Ministério da Agricultura promove ações desde 1934, quando foi publicado o regulamento do Serviço de Defesa Sanitária Animal. Mas as instruções específicas para o seu controle, que incluía a vacinação, foram definidas em 1950 e as campanhas organizadas tiveram início em 1965. O último foco no Brasil foi detectado em 2006, no Paraná e Mato Grosso do Sul.

Como se dá a transmissão?

Quais são os prejuízos econômicos para o produtor?

O principal efeito da febre aftosa é comercial. A doença afeta enormemente o comércio interno e externo de animais e seus produtos. Devido ao alto poder de difusão do vírus e aos impactos econômicos provocados pela doença.

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