Em dois dias de evento, Minas apresentou as medidas adotadas para se tornar a economia mais verde do Brasil
Investimentos em eletricidade e combustíveis de fontes renováveis, políticas de incentivo ao etanol na administração pública, instalação de painéis solares em escolas e hospitais. Esses e outros caminhos percorridos por Minas Gerais para se tornar o estado com a economia mais verde do país foram debatidos nesta sexta-feira (8/3), último dia do 1º Fórum Global da Construção e do Clima, realizado em Paris, na França.
Foram dois dias de evento, para o qual o Governo de Minas foi convidado devido às experiências já implementadas na indústria da construção, especialmente aço e cimento, para sustentabilidade.
Único estado brasileiro a participar do encontro e um dos três participantes da América Latina, o vice-governador Professor Mateus e a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Marília Melo, participaram de painéis e mesas redondas do encontro, onde apresentaram, a líderes internacionais, as ações mineiras para neutralizar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050.
“Minas Gerais, mais uma vez, é convidada a divulgar, em escala internacional, as ações decorrentes de uma política pública robusta em prol da agenda climática e focada na trajetória de descarbonização e no aumento da resiliência territorial. A pauta climática é transversal e, sobretudo, transfronteiriça, por isso, todas as medidas individuais e coletivas são urgentes e fundamentais para frear o aquecimento global”, comenta a secretária.
Energia fotovoltaica
Nesta sexta-feira, o vice-governador Professor Mateus proferiu palestras sobre os avanços de Minas na busca de uma economia verde, com destaque para a produção de energia fotovoltaica.
Uma das ações citadas pelo vice-governador é o programa “Na hora de abastecer, escolha o etanol”, para o qual o governador Romeu Zema definiu o combustível como preferencial no abastecimento da frota da administração pública estadual.
Outro exemplo citado por Professor Mateus como consciência para a economia verde na indústria são as instalações de painéis solares em hospitais e escolas de Minas, além do uso da sucata pela empresa Gerdau para a produção de aço, chegando a até 71% de aço produzido a partir desse material.
“Como somos os maiores produtores de ferro e cimento no Brasil, decidimos trabalhar em direção à valorização da indústria de construção e trabalhar com as manufaturas de ferro. Temos esse case da Gerdau, que está produzindo em Minas Gerais mais de 70% de aço a partir de materiais recicláveis. E isso faz um grande impacto na nossa economia”, avalia ele.
Construções
As novas e existentes edificações urbanas foram o tema principal deste fórum, considerando o alto impacto ambiental da indústria da construção diante do crescimento das edificações urbanas e da necessidade de ações locais com a crise habitacional e energética. Nesse cenário, Minas Gerais abordou as políticas de descarbonização adotadas, considerando o papel do cimento, do aço e da energia na construção civil.
Um dos destaques foi o projeto Minas Recicla Energia, que reduz o uso de combustíveis fósseis no processamento do cimento ao utilizar resíduos sólidos, gerando energia. Nesse processo, os resíduos das coletas seletivas são transformados em combustível para a produção de cimento, evitando a disposição em aterros.
Outra experiência mineira como exemplo foi a produção de aço com energia limpa, graças à extensa área de floresta plantada, que contribui para a captura de emissões de gases de efeito estufa. Além disso, a produção de ferro gusa, que compensa suas emissões por meio do plantio de mudas para a restauração de áreas, reforça o compromisso ambiental e a inovação da indústria mineira em busca de práticas mais sustentáveis.
Governos locais
Durante os dois dias de evento, o Governo de Minas, por meio de palestras e diálogos com representantes internacionais, defendeu a importância de os governos regionais, com prefeitos e governadores, participarem dessas discussões. Na oportunidade, o Professor Mateus e a secretária Marília Melo apresentaram as especificidades de Minas Gerais no desenvolvimento de ações em prol do desenvolvimento sustentável.
“Muitas vezes, pensa-se na solução nacional, mas se esquece que cada país tem dentro de si uma infinidade de realidades. No nosso caso, por exemplo, as pessoas acham que tudo no Brasil fica dentro da Amazônia e isso traz pra gente uma série de dificuldades”, comenta o Professor Mateus, que avalia como positiva a oportunidade de o Governo de Minas mostrar a outros líderes regionais internacionais as particularidades do estado.
“É preciso prestar atenção na política e na realidade local para tomar a medida certa, para que ela tenha efeito. Quando você deixa só os países nas mesas, muitas vezes a solução acaba não servindo para ninguém. Uma solução que não serve para ninguém não vai chegar aonde a gente precisa”, afirma o vice-governador.
Evento
O 1º Fórum Global da Construção e do Clima, realizado em Paris, na França, começou na quinta-feira (7) e terminou nesta sexta-feira (8). O evento é organizado pelo governo da França e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), com o apoio da Aliança Global para a Construção (GlobalABC).
O objetivo do encontro é fomentar as discussões sobre a descarbonização do setor de construções, de modo a alcançar a neutralidade de emissões líquidas de gases de efeito estufa no setor, bem como impulsionar a construção e a reforma de edifícios para que se tornem resilientes aos eventos climáticos extremos até 2030.
Agência Minas Gerais