Golpistas investiram R$ 493.651 nessas publicações, que tiveram quase 7 milhões de visualizações

Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro descobriu milhares de anúncios que foram publicados nas redes sociais para aplicar um golpe envolvendo a Serasa. As postagens manipularam a imagem e a voz de políticos e também de apresentadores de televisão, inclusive do SBT Brasil.

Durante três meses, o NetLab, laboratório da UFRJ que monitora conteúdos da internet, analisou publicações em duas redes sociais da plataforma meta: Facebook e Instagram, e identificou 4.321 anúncios que traziam uma informação falsa: a Serasa deveria pagar uma indenização de R$ 30 mil a vítimas de vazamentos de dados. Para dar credibilidade, os golpistas usaram inteligência artificial e manipularam a voz e a imagem de personalidades conhecidas em todo o Brasil.

Em uma delas, dava a impressão que o presidente Lula teria assinado uma sentença determinando que a Serasa indenizasse as pessoas lesadas. Isso, claro, nunca aconteceu.

Três deputados federais foram usados pelos golpistas. Nikolas Ferreira, em 96% dos anúncios falsos. Um deles direcionava o leitor para uma suposta entrevista ao SBT News. Tudo mentira.

Eduardo Bolsonaro foi incluído em outro anúncio sobre a indenização. Ao clicar no link, o internauta via uma notícia supostamente apresentada por Márcia Dantas, no SBT Brasil. Novamente, tudo manipulado.

Sargento Fahur foi outro parlamentar usado para divulgar a desinformação. Além disso, anúncios direcionavam para sites falsos do SBT, da Serasa e do Ministério Público Federal.

Ao todo, foram identificados 67 perfis e páginas que aplicavam o golpe, com quase 7 milhões de visualizações. Em muitas vezes, internautas forneceram o CPF e até fizeram Pix para obter a suposta indenização.

De acordo com o estudo, os golpistas investiram R$ 493.651 nessas publicações. Para o NetLab, esse montante indica a existência de uma organização criminosa, que chegou a fazer circular, em um único dia, 833 anúncios falsos.

“A previsão, por exemplo, de associações internacionais de publicidade é que a indústria da desinformação envolvendo anúncios fraudulentos, já é 30% do mercado publicitário, e ela vai superar, em termos de crime organizado, o tráfico de drogas internacional no ano que vem”, afirma Marie Santini, diretora do NetLab.

A Meta informou que o NetLab não disponibilizou o estudo completo, o que impede a empresa de compreender as conclusões. Acrescentou que não permite conteúdos que tenham o objetivo de enganar, fraudar ou explorar terceiros e que a empresa aprimora a tecnologia para combater atividades suspeitas.

SBT News