A bebida com baixo nível de açúcar adicionado e gordura saturada foi associada a um risco 14% menor de mortalidade, segundo pesquisa

Diversas pesquisas já apontaram os efeitos positivos do café na saúde e na longevidade. Um novo estudo reforça essa ideia, destacando que os benefícios são mais evidentes quando o café é consumido de forma pura, sem adição de açúcar, creme ou leite.

Publicado em junho no periódico The Journal of Nutrition, o trabalho indica que o consumo de uma a duas xícaras diárias de café com cafeína está associado a uma redução no risco de morte por todas as causas, incluindo doenças cardiovasculares. Os pesquisadores identificaram que o café preto ou com pequenas quantidades de açúcar e gordura saturada oferece um risco 14% menor de mortalidade, quando comparado com quem não consome café. No entanto, essa relação positiva não foi observada em bebidas com altos teores de açúcar e gordura.

Segundo Fang Fang Zhang, professora da Friedman School e uma das autoras do estudo, os compostos bioativos presentes no café podem explicar seus efeitos benéficos, mas o acréscimo de açúcar e gordura saturada tende a neutralizar esse impacto positivo.

A pesquisa utilizou dados de mais de 46 mil adultos americanos, com 20 anos ou mais, participantes da Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição (NHANES), entre 1999 e 2018. O estudo categorizou o consumo de café conforme o tipo (com ou sem cafeína) e os níveis de açúcar e gordura adicionados, e cruzou as informações com registros de mortalidade por todas as causas, câncer e doenças do coração.

De acordo com os resultados, o consumo de ao menos uma xícara de café por dia foi associado a um risco 16% menor de morte geral. Para quem bebia de duas a três xícaras por dia, a redução no risco subiu para 17%. Contudo, o consumo acima desse volume não trouxe benefícios adicionais e, no caso das doenças cardiovasculares, o efeito protetor foi menos expressivo.

A primeira autora do estudo, Bingjie Zhou, destacou que ainda há poucos estudos focados nos aditivos do café e seu impacto na saúde. Segundo ela, os achados estão em consonância com as diretrizes alimentares que recomendam limitar o uso de açúcar e gordura saturada na dieta.

Apesar dos dados relevantes, os autores reconhecem limitações. A principal delas é o fato de as informações alimentares terem sido baseadas em relatos dos próprios participantes, o que pode gerar imprecisões. Por isso, os pesquisadores defendem a realização de novos estudos para confirmar e aprofundar os resultados obtidos.