Grupo de alimentos foi o que mais contribuiu para desaceleração do índice (Imagem: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

A seção de inflação da Carta de Conjuntura, divulgada nesta quarta-feira, 21, pelo Ipea, traz uma análise do comportamento da inflação em 2016 e as perspectivas para 2017. A pesquisa completa está publicada no blog Carta de Conjuntura e disponível no Portal Ipea.

Com o fim do impacto da forte alta nos preços dos alimentos, a partir de setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) iniciou uma trajetória de desaceleração mais intensa, processo que se intensificou em dezembro, como mostra o resultado do IPCA-15 divulgado também nesta quarta-feira pelo IBGE. O índice registou alta de 0,19%, recuando praticamente 1,0 p.p. em relação ao observado no mesmo mês de 2015 (1,18%).

Com a incorporação deste resultado, a inflação acumulada no ano, medida pelo IPCA-15, foi de 6,6%, bem abaixo da registrada em 2015 (10,7%), consolidando uma trajetória de convergência em direção à meta de 4,5% em 2017.

Assim como vem ocorrendo ao longo do último trimestre, o maior alívio veio do grupo de alimentos, que contribuiu com -0,05 p.p., refletindo a queda da alimentação no domicílio, com deflação de 0,45%. Neste grupo, destacam-se as quedas nos preços do feijão (-17,2%), da batata (-15,8%) e do leite (-5,4%).

A tendência é que o cenário se mantenha nos próximos meses, tendo em vista que os preços agrícolas ao produtor devem continuar caindo (-1,5% em dezembro contra -1% em novembro).

Da mesma forma, a queda de 1,9% no preço da energia elétrica, possibilitada pela mudança da bandeira tarifária de amarela para verde, permitiu uma deflação de 0,28% do grupo habitação, que juntamente com o recuo de 0,52% na inflação do grupo artigo de residência explicam essa melhora no comportamento do IPCA-15 em dezembro.

Em sentido oposto, o grupo transportes se constituiu no foco de maior pressão sobre o índice, repercutindo as altas das passagens aéreas (26,6%).

Maria Andréa Parente Lameiras, autora do estudo sobre inflação e pesquisadora do Grupo da Carta de Conjuntura do Ipea, prevê que em 2017 haverá nova desaceleração da taxa de inflação.

“Teremos ainda uma economia crescendo lentamente, com um mercado de trabalho pouco dinâmico. As pessoas continuarão com um poder aquisitivo reduzido, o que, novamente, puxará a inflação, sobretudo dos bens e serviços livres, para baixo”. Ela também destaca que a postura mais transparente da nova diretoria do Banco Central contribui para um aumento da confiança do mercado no cumprimento da meta, gerando uma queda nas expectativas futuras e possibilitando um recuo mais rápido da taxa de juros.

Portal Brasil

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