Diante dos últimos casos de sarampo registrados no Brasil, no estado de Roraima, e em alguns países da Europa, por onde circulam brasileiros, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) alerta sobre a importância da vacinação para prevenir a doença.
O sarampo estava erradicado no Brasil desde 2015 e as autoridades já temiam o retorno da doença após o aumento da migração no norte do país. A doença é causada pelo Morbilivírus, potencialmente grave, transmissível e bastante comum na infância, mas pode acometer pessoas de qualquer idade.
Segundo a referência técnica em Doenças Exantemáticas, Luciene Rocha, apesar de ser uma doença com baixos índices de mortalidade, o sarampo pode ter apresentação grave e até levar a morte e a vacinação é a única forma de evitar a doença.
“Qualquer pessoa não vacinada deve ficar atenta, especialmente adultos, mulheres grávidas e crianças menores de seis anos. A vacina é a única forma de evitar a ocorrência de sarampo na população. As pessoas quando acometidas pela doença devem permanecer em isolamento hospitalar ou domiciliar para evitar contágios”, esclareceu.
Imunização
De acordo com dados da Coordenação de Vigilância Epidemiológica de Doenças e Agravos Transmissíveis (CDAT), em 2017 foram notificados 63 casos suspeitos e em 2018, até o momento, foram notificados dois casos suspeitos. Todos foram descartados por exames laboratoriais, portanto até o momento não há casos confirmados da doença no estado.
Os últimos casos autóctones confirmados de sarampo no Estado, ocorreram em 1999 (nove casos). No ano de 2013, foram confirmados dois casos de sarampo de residentes do estado, ambos importados (contágio ocorrido na Flórida-EUA).
A meta de vacinação no Estado é de 95%, o que foi alcançado nos últimos anos. Os dados parciais de 2017 estão em 87,4%. Segundo Luciene Rocha, a vacina Tríplice Viral, que previne contra o sarampo, rubéola e caxumba, é ofertada por meio do Programa Nacional de Imunização em um esquema de duas doses.
“A eficácia desse esquema aproxima-se de 100% para o sarampo. Portanto é importante a vacinação para que a doença não retorne entre nós. O sarampo é uma das doenças imunopreveníveis de maior transmissibilidade e gravidade. Está prevista para o mês de agosto de 2018 a Campanha Nacional de Seguimento contra o sarampo e será direcionada para a população de 1 a 4 anos, mas a vacina está disponível nos postos de saúde durante todo o ano”, afirmou.
Em 2017, foram aplicadas 1.549.322 doses no estado das vacinas Tríplice Viral e Tetra Viral, que protegem contra o sarampo, em todos grupos etários de direito da vacina e em todos os esquemas vacinais existentes.
Os dados de 2018 ainda não foram disponibilizados pelo Ministério da Saúde. A vacina Tríplice Viral está disponível na rotina de vacinação em todas as unidades de saúde do Estado.
Indicação da Vacina
Toda criança de um ano de idade deve ser vacinada contra o sarampo, com duas doses, sendo a primeira dose aos 12 meses de vida com a vacina Tríplice Viral e uma segunda dose deve ser aplicada aos 15 meses de vida com a vacina tetra viral. Homens e mulheres de até 49, que não foram vacinados devem receber a dose da vacina.
Profissionais dos setores do turismo e do transporte, ou seja, hotéis, aeroporto, serviços de táxi, e outros, deverão estar imunizados contra o sarampo e a rubéola. Qualquer pessoa que for viajar para regiões endêmicas, e que não estiver com o cartão de vacinas em dia, deve se vacinar pelo menos duas semanas antes da partida.
“É muito importante saber que mulheres grávidas não devem ser vacinadas, exceto em situações de alto risco de exposição ao vírus do sarampo. Pacientes com leucemia, linfomas, AIDS e outros problemas que afetem a imunidade precisam ser avaliados individualmente”, explica a técnica estadual de Doenças Exantemáticas, Luciene Rocha.
Doença
O sarampo é uma doença infecciosa viral e extremamente contagiosa. A transmissão se dá por meio de secreções das vias respiratórias, podendo ser transmitida diretamente de uma pessoa à outra por meio de secreções expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar. O contágio pode acontecer, também, por dispersão de gotículas no ar, em ambientes fechados como escolas, creches e ônibus.
Os principais sintomas são febre alta, manchas avermelhadas em todo o corpo, congestão nasal, tosse e olhos irritados e pode causar complicações graves como cegueira, encefalite, diarreia intensa, infecções do ouvido e pneumonia, sobretudo em crianças com problemas de nutrição e pacientes imunodeprimidos.
Segundo Luciene Rocha, caso apresente sinais da doença, o indivíduo deve procurar o serviço médico o mais rápido possível e evitar transitar em locais públicos. “Toda pessoa, independente da idade, que apresentar febre e erupções na pele, acompanhadas de tosse, coriza ou conjuntivite é considerada como um caso suspeito de sarampo e deve procurar atendimento médico”, aconselha.
Casos no Brasil e na Europa
Na última terça-feira (20/02) a Secretaria de Estado de Saúde de Roraima confirmou 1 caso de sarampo em uma criança venezuelana de 1 ano de idade e outros sete casos suspeitos de sarampo estão em investigação. Todos os casos são em crianças, entre 7 meses e 10 anos, sem histórico de vacinação.
Desde dezembro do ano passado há um surto de sarampo na Venezuela o que fez com que Minas Gerais e os demais estados brasileiros ficassem em alerta para casos vindo do país vizinho.
Na Europa a situação é alarmante, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 15 países europeus, registraram mais de 20 mil casos de sarampo em 2017. Entre eles estão a Romênia, Itália e Ucrânia. Em 2011, 37.726 casos foram confirmados e, em 2012, 20.738. Os números, apesar de terem diminuído, são alarmantes, pois quase se equivalem ao número de casos de sarampo confirmados na África em 2012 (22.217), onde a cobertura vacinal é menor. França, Itália, Romênia, Espanha e Reino Unido notificaram 94% dos casos em 2012, sendo que a maioria deles (83%) ocorreu em não vacinados e 77% em crianças entre um e quatro anos de idade.
Orientação para os viajantes
Viajantes, independentemente da idade, que se dirigem para outros países situados fora da região das Américas e que não comprovem vacinação prévia contra o sarampo, devem receber uma dose da vacina.
Segundo Luciene Rocha, alguns países da Europa, África e Ásia não apresentam uma cobertura vacinal muito ampla contra o sarampo.
“Neste sentido, recomenda-se que profissionais da área de turismo e viajantes residentes no Brasil, que tenham como destino países pertencentes a outros continentes que não as Américas, procurem um posto de saúde pelo menos quinze dias antes da viagem, para serem vacinados. Ao retornar de viagem ao exterior, o viajante deve ficar atento: se apresentar febre, manchas avermelhadas pelo corpo, acompanhadas de tosse ou coriza ou conjuntivite, até 30 dias após seu regresso, estes podem ser sinais e sintomas do sarampo. Recomenda-se que procure imediatamente um serviço de saúde, informe seu itinerário de viagem, permaneça em isolamento social e evite circular em locais públicos”.
Cuidados para evitar doenças de transmissão respiratória
– Higiene das mãos com água e sabão (depois de tossir ou espirrar; depois de usar o banheiro, antes de comer, antes de tocar os olhos, boca e nariz);
– Evitar tocar os olhos, nariz ou boca após contato com superfícies;
– Usar lenço de papel descartável;
– Proteger com lenços a boca e nariz ao tossir ou espirrar, para evitar disseminação de gotículas;
– Orientar para que o doente evite sair de casa enquanto estiver em período de transmissão da doença (até sete a cinco dias após o início dos sintomas);
– Evitar aglomerações e ambientes fechados (devem-se manter os ambientes ventilados).
Agência Minas