A Copa do Mundo vai se afunilando e o torcedor brasileiro fica cada vez mais confiante de que a conquista do tão sonhado hexa é possível. De olho no jogo de amanhã, contra a Bélgica, pelas quartas de final, muita gente menos acostumada a acompanhar o futebol internacional já se pergunta: “Mas que Diabos são esses que enfrentaremos?”.

Apelidados de Diabos Vermelhos em função da cor da camisa – e da ‘crueldade’ com que tratariam os adversários –, a Bélgica chega para o confronto ostentando 23 jogos de invencibilidade (18 vitórias e cinco empates), tendo balançado as redes 76 vezes, média impressionante de 3,3 gols por partida. Mas é preciso ressaltar que entre estes resultados estão balaiadas sobre equipes de menor expressão, como Arábia Saudita (4 a 0), Chipre (9 a 0), Gibraltar (6 a 0), Estônia (8 a 1) e Bósnia (4 a 0).

De todo modo, o fato é que a última derrota da equipe foi há quase dois anos, em setembro de 2016 (2 a 0 para a Espanha), quando o técnico espanhol Roberto Martínez ainda iniciava seu trabalho. E ele foi escolhido para suceder a Marc Wilmots, após o fracasso na Euro’2016, pelo bom desempenho em clubes da Premier League (Wigan, Swansea e Everton). Não por coincidência, torneio em que jogam a maioria das estrelas belgas.

Dos 11 titulares, sete atuam no milionário futebol inglês: o goleiro Courtois, os zagueiros Alderweireld, Kompany e Vertonghen, os armadores De Bruyne e Hazard e o atacante Lukaku. Além deles, ainda estão lá o goleiro reserva Mignolet, os armadores Fellaini e Dembelé e os atacantes Chadli e Batshuayi.

Esta mesma base esteve na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, quando acabaram eliminados pela Argentina nas quartas de final. Com um grupo muito jovem (oito dos titulares tinham 25 anos ou menos), acabaram pagando um pouco pela inexperiência. Agora, a situação é diferente. A presença em grandes times das principais ligas europeias ajudou a amadurecer a geração de ouro – hoje, a média de idade do time é de 27,9 anos.

As novidades em relação ao grupo que esteve no Brasil em 2014 são os dois alas: Meunier, que joga com Neymar no PSG e já reconheceu não saber como pará-lo, e Ferreira Carrasco, atacante que atua improvisado no setor esquerdo. Para complicar ainda mais, em fevereiro deste ano, o jogador trocou o Atlético de Madrid pelo modesto Dailan Yifang, da Segunda Divisão da China. Detalhes que Tite e toda a comissão técnica devem estar avaliando como explorar. As trocas de posição entre Neymar, Coutinho e Willian podem fazer a diferença.

O sistema tático adotado pelos belgas merece uma análise à parte, já que será a primeira vez nesta Copa que a Seleção Brasileira enfrentará uma equipe que atua no 3-5-2. Com os três zagueiros e a presença do incansável volante Witsel, garante mais liberdade para Hazard e De Bruyne, além de liberar o avanço dos laterais para municiar o artilheiro Lukaku, autor de quatro gols neste Mundial. Por outro lado, às vezes acaba deixando a equipe um pouco exposta.

Outra característica que pode preocupar o Brasil é o paredão defensivo do adversário. A média de altura dos zagueiros é de 1,88m. Gabriel Jesus, que ainda está zerado na Copa, pode ter muitas dificuldades se ficar preso entre os gigantes. De toda forma, o sistema belga já mostrou que não anda tão eficiente assim nesta Copa: sofreu dois gols diante de Tunísia e dois diante do Japão, equipes que nem de longe possuem qualidade semelhante à do time brasuca. E o capitão Kompany, que acaba de voltar de lesão, ainda não está em seu melhor ritmo.

Em suas 12 participações anteriores em Copas, a melhor campanha belga foi em 1986, quando perdeu nas semifinais para a Argentina, de Maradona, que viria a ser campeã. A torcida brasileira espera que continue assim e que os Diabos não infernizem nossa Seleção.

O 3-5-2 belga

O sistema de jogo montado pelo técnico Roberto Martínez permite que De Bruyne e Hazard municiem Lukaku e Mertens e cheguem com frequência à frente, aumentando o poder de ataque da equipe. Os alas Meunier e Carrasco também têm liberdade para avançar com a proteção do volante Witsel e dos zagueiros. Só que a recomposição nem sempre é tão rápida, principalmente pelo lado esquerdo, e esses espaços podem ser aproveitados pelo Brasil para chegar com velocidade ao ataque.

Análise

A prova de fogo de uma geração

Álvaro Duarte
O jogo contra o Brasil pode ser histórico para esta geração belga, que é tida como a melhor de todos os tempos.  Se conseguir avançar à semifinal já se igualará à equipe de 1986, que perdeu para a Argentina nessa mesma fase, e terá grandes chances de chegar à primeira final, respaldada por ter deixado pra trás nada menos que o Brasil de Neymar e companhia. Vitória contra os brasileiros já será a consagração dos astros De Bruyne, Lukaku, Hazard, Kompany, Witsel…

Mas, em caso de desclassificação, mesmo sendo para a única seleção pentacampeã do mundo, haverá grande frustração no país por causa da expectativa criada em torno desta geração de ouro, que pecou no Brasil’2014 pela inexperiência, mas não terá a chance de jogar junta em 2022 com a mesma força.

Superesportes

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