A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou nota oficial na noite desta quinta-feira cobrando providências da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) após a expulsão injusta do zagueiro Dedé, do Cruzeiro, no jogo dessa quarta-feira contra o Boca Juniors. O defensor recebeu cartão vermelho do árbitro paraguaio Eber Aquino por causa de um choque acidental com o goleiro argentino Esteban Andrada. Com um jogador a menos, o time celeste, que já perdia por 1 a 0, levou o segundo gol e acabou derrotado por 2 a 0, na Bombonera, em Buenos Aires. Agora, para avançar às semifinais no tempo normal, será obrigado a vencer no Mineirão por pelo menos três gols de diferença.
No documento assinado por Rogério Caboclo, diretor-executivo de gestão da CBF, há destaque para o fato de Eber Aquino ter interpretado a dividida de maneira equivocada ao consultar o Sistema de Assistência Arbitral por Vídeo (VAR, na sigla em inglês). A entidade máxima do futebol brasileiro ainda considerou a ação “fora do protocolo de utilização da referida tecnologia” e exigiu justiça por parte da Conmebol em relação ao prejuízo causado ao Cruzeiro pela expulsão de Dedé. O destinatário da carta é Alejandro Dominguez, presidente da Confederação Sul-Americana.
Dominguez, aliás, recebeu nesta quinta-feira três representantes da diretoria do Cruzeiro: o presidente Wagner Pires de Sá, o vice-presidente jurídico Fabiano de Oliveira Costa e o supervisor administrativo Benecy Queiroz. O clube celeste solicitou a anulação do cartão vermelho mostrado a Dedé, com o objetivo de contar com o atleta no duelo de volta, dia 4 de outubro (quinta-feira), às 21h45, no Mineirão. Não há, por ora, prazo para resposta, mas a cúpula cruzeirense espera uma posição o mais breve possível.
“Fiquei bastante satisfeito pela maneira com que fomos recebidos na Conmebol. Estamos indignados com tudo o que aconteceu ontem na Bombonera. Não podemos admitir que a decisão pessoal de um árbitro coloque em xeque um sistema tão avançado como o VAR, que vem para contribuir com os avanços do futebol mundial”, destacou Wagner Pires de Sá, que também informou ter recebido apoio da CBF no pleito do Cruzeiro.
A expulsão de Dedé
Dedé foi expulso pelo árbitro paraguaio Eber Aquino aos 29min do segundo tempo de Boca x Cruzeiro. No lance, ele subiu para tentar finalizar a bola cruzada por Egídio e acertou uma cabeçada no maxilar do goleiro Andrada. A pancada involuntária foi tão forte que o goleiro do Boca passará por cirurgia e ficará fora dos gramados durante dois meses.
Durante o atendimento médico a Andrada, o árbitro Eber Aquino decidiu consultar o recurso eletrônico do VAR. Depois de rever a jogada algumas vezes, mostrou o cartão vermelho para o camisa 26 do Cruzeiro, fato que gerou sensação de incredulidade no estádio em função do caráter acidental da dividida.
Veículos de imprensa de várias partes do mundo e diversos clubes, jogadores e personalidades mostraram apoio a Dedé e condenaram o erro de Eber Aquino. O defensor de 30 anos, conhecido por ser um jogador disciplinado, não havia recebido um cartão vermelho sequer nas 134 partidas anteriores a serviço do Cruzeiro.
LEIA A NOTA DA CBF NA ÍNTEGRA:
Rio de Janeiro, 20 de setembro de 2018.
Ilmo. Sr. Alejandro Domínguez,
Presidente da Confederación Sudamericana de Fútbol – CONMEBOL
Luque – Paraguai
Ref.: Desempenho da arbitragem na partida das quartas de final da Copa Libertadores da América entre Cruzeiro Esporte Clube e Club Atlético Boca Juniors
Senhor Presidente,
A partida disputada entre Cruzeiro Esporte Clube e o Club Atlético Boca Juniors em 19/9/2018, pelas quartas de final da Copa Libertadores da América, infelizmente foi marcada por um grave erro de arbitragem. O atleta Dedé foi expulso injustamente pelo árbitro paraguaio Eber Aquino, após um choque involuntário com o atleta Esteban Andrada.
Como agravante, a injusta expulsão aconteceu após consulta ao Sistema de Assistência Arbitral por Vídeo (VAR), o que ocorreu de forma irregular e fora do protocolo de utilização da referida tecnologia.
A CBF registra seu inconformismo com a decisão da arbitragem e solicita que a Conmebol, valendo-se de suas instâncias funcionais, tome todas as providências cabíveis no sentido de fazer justiça em relação ao dano causado ao Cruzeiro Esporte Clube e ao atleta. Sugere ainda que uma investigação seja aberta pela Conmebol para completa apuração do ocorrido em relação à indevida intervenção do VAR neste episódio, dando
transparência à decisão do árbitro no momento do lance.
A CBF faz isso não apenas no cumprimento do dever de apoiar sua agremiação filiada, mas no interesse de proteger a credibilidade do Sistema de Assistência Arbitral por Vídeo. O VAR é uma ferramenta fundamental para a melhoria do nosso futebol, mas para isso precisa da confiança das entidades, atletas, agremiações e torcedores. Isso só acontecerá se erros como o ocorrido na partida de ontem forem prontamente reconhecidos e corrigidos.
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