Ganhar do Boca Juniors por três gols de diferença nesta quinta-feira, às 21h45, no Mineirão, será tarefa difícil para o Cruzeiro. A começar pela tradição do adversário, dono de seis troféus da Copa Libertadores e de 18 títulos internacionais. Além disso, o time celeste jamais conseguiu reverter no jogo de volta uma derrota por dois ou mais gols de diferença na partida de ida em mata-matas na competição. Todas essas adversidades se juntam a um terceiro dado: clubes da Argentina são os maiores algozes da Raposa no torneio continental.
Em encontros eliminatórios, o Cruzeiro se deu bem diante de um argentino apenas pela decisão da Copa Libertadores de 1976, disputada à época na série ‘melhor de três’. No primeiro jogo, no Mineirão, os mineiros golearam o River Plate por 4 a 1. Em Buenos Aires, o time da casa venceu por 2 a 1. Como não existia o regulamento do placar agregado, houve o terceiro jogo. E aí os cruzeirenses, mesmo os nascidos décadas depois, sabem que Joãozinho, aos 43min do segundo tempo, cobrou falta na gaveta e garantiu o título celeste no Estádio Nacional de Santiago, no Chile.
Por ter conquistado a Libertadores de 1976, o Cruzeiro entrou diretamente na segunda fase da edição de 1977 e não teve dificuldades em superar o Internacional e a Portuguesa da Venezuela. Na final, enfrentou o Boca Juniors. Na Bombonera, os argentinos ganharam por 1 a 0. No Mineirão, a equipe celeste devolveu o placar, com um belo gol de falta do lateral-direito Nelinho. Na partida de desempate, o Cruzeiro perdeu por 5 a 4, nos pênaltis, depois de 0 a 0 no tempo normal. O goleiro Gatti defendeu a cobrança do lateral-esquerdo Vanderlei.
Duas décadas depois, o Boca Juniors voltou a ser pedra no sapato do Cruzeiro. Se em 1977 as equipes travaram duelo no tiro de onze metros, em 2008 o clube xeneize passou tranquilamente, ganhando tanto na Bombonera quanto no Mineirão por 2 a 1. No elenco boquense havia os craques Palacio, Palermo e Riquelme.
Em 2009, o Cruzeiro sofreu sua maior decepção na Copa Libertadores: perdeu de virada para o Estudiantes em pleno Mineirão, por 2 a 1, depois de segurar 0 a 0 heroico em La Plata graças à grande atuação do goleiro Fábio. Dos 64.800 torcedores que estiveram no estádio no dia 15 de julho, a maioria tinha grande expectativa em ver o time celeste faturar o troféu. Quem comandou as ações, porém, foi o experiente Verón, que ditou o ritmo da partida no meio-campo e deu o cruzamento para Boselli fazer de cabeça o segundo gol do Estudiantes (o primeiro saiu em finalização de Gastón Fernández). O volante Henrique, hoje capitão do time de Mano Menezes, marcou o tento cruzeirense em chute de fora da área.
Em 2014 e 2015, San Lorenzo e River Plate frustraram o sonho do tri do Cruzeiro e caminharam até o título nas respectivas edições da Copa Libertadores. O River, aliás, impôs à equipe azul o pior revés como mandante na competição: 3 a 0. Foi grande o sentimento de incredulidade na noite de 27 de maio, no Mineirão, já que no duelo de ida, seis dias antes, a Raposa havia triunfado por 1 a 0 no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires.