O economista Paulo Guedes, indicado para o Ministério da Fazenda, defendeu hoje (30) a independência do Banco Central, com mandato de presidente não coincidente com o do presidente da República, e disse que seria natural que Ilan Goldfajn permanecesse no cargo, por ter a mesma posição. Apesar disso, Guedes afirmou que a continuidade dele no BC ainda precisaria ser acertada com o próprio Ilan e com a equipe de governo do presidente eleito de Jair Bolsonaro.

“Não podemos estar a cada eleição falando será que ele [presidente do Banco Central] fica? Será que ele não fica? Será que ele muda? Será que ele não muda? Então, teremos um Banco Central independente”, disse.

Ilan ocupa a presidência do Banco Central há dois anos, e Guedes disse que seria “a coisa mais natural do mundo” que o governo aprovasse o projeto que prevê a independência da instituição com o apoio dele e que ele permanecesse no cargo.

“Isso tem que combinar com a nossa equipe aqui dentro, tem que combinar com o Ilan. Estou dizendo que seria natural”, disse, acrescentando que o convite dependeria da vontade do atual presidente do BC. “Não quero convidar alguém que não tem o desejo de ficar. A motivação é fundamental”.

Reunião

Guedes participa de uma reunião com o núcleo do futuro governo, no Rio de Janeiro. Além de Jair Bolsonaro, também chegaram ao local o ex-presidente do PSL Gustavo Bebianno e o deputado federal Onyx Lorenzoni, que atua na articulação politica.

Ao conversar com jornalistas, Paulo Guedes defendeu a aprovação da reforma da Previdência como prioridade para a economia. “Previdência é mais importante e mais rápida. Privatização é devagar e ao longo do tempo”.

O economista comentou ainda o desempenho do mercado ontem (29), que abriu com dólar em queda e a B3 em alta e depois se inverteu. Para o economista, a reação foi influenciada por declarações da equipe política do futuro governo.

“Ontem (29) houve gente falando que não tem pressa para fazer reforma da Previdência. Aí o mercado reagiu mal”, disse Paulo Guedes. “É um político falando coisas de economia. É a mesma coisa que eu sair falando de política. Não dá certo”.

Cotado para o Ministério da Economia, Paulo Guedes afirmou que em um eventual cenário de dólar alto por conta de uma crise especulativa, o país pode vender reservas e se aproveitar disso para reduzir sua dívida interna. “Se houver uma crise especulativa, nós não temos medo nenhum”, disse.

Agência Brasil

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