Aproximadamente 150 imóveis serão destruídos próximo à Represa de Três Ranchos-GO. Isso porque as construções invadiram parte da área destinada à represa e a concessionária ganhou na justiça a reintegração de posse.

É do Rio Paranaíba, com o lago da Usina de Emborcação, a principal fonte de renda dos três mil habitantes de Três Ranchos. O potencial turístico colocou a pequena cidade em evidência nacional como opção de lazer perto da natureza. E é justamente essa proximidade com os recursos naturais que está fazendo projetos e até empreendimentos consolidados ruírem – literalmente.

No local já é possível ver uma montanha de escombros, que já foi uma confortável casa de campo de uma família de Uberlândia. Mas, de acordo com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), ela estava dentro da cota 661. Ou seja, dentro da área destinada ao reservatório da usina. A concessionária entrou com uma ação na justiça e teve o pedido de reintegração de posse deferido.

Com isso, aproximadamente 150 imóveis serão demolidos – total ou parcialmente , só no município goiano. A decisão deixa mais que o prejuízo material. Além da casa do proprietário da chácara, foi pro chão também a residência dos caseiros, que estavam ali há mais de duas décadas.

O casal Irene Torquato e Geralcino Pereira, caseiros do local, falam que agora, desempregados e sem local para morar, não sabem o que fazer da vida.

Hotéis, pousadas, casas de veraneio e até quiosques que estão dentro da cota 661 vão ser derrubados. Há mais de uma década foi a última vez que a água da represa chegou nos locais das construções. E além disso, os moradores sequer sabiam da determinação da cota 661.

Os moradores de Três Ranchos e a administração municipal estão juntas na ação. Uma faixa na porta da Prefeitura pede o fim das demolições e dos problemas sociais que elas vão causar. O principal deles, a falta de emprego.

Os moradores dizem que a única fonte de renda no local é ser funcionário público ou trabalha e toma conta de mansões ou chácaras. Portanto, com as demolições, o desemprego vai aumentar muito na cidade.

O Prefeito Hugo Deleon entende a legalidade da ação impetrada pela Cemig, mas diz que a lei é injusta para com a comunidade e que já apresentou alternativas para evitar os impactos sociais. “A gente sabe que tem outras formas de repor esta perda patrimonial, como eu já propus pra eles, a indenização dessas áreas, os proprietários que invadiram essas áreas, fazerem uma avaliação. Esses proprietários indenizarem a Cemig. Faria a reparação patrimonial à Cemig e não estaria causando dano tão grave no nosso município, turístico, paisagístico e, principalmente social”, disse.

Carlos Vilela

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