Quem vê a Copa São Paulo nos dias de hoje, com 128 equipes e exposição maciça na mídia, não faz ideia do que foi o torneio em suas primeiras edições. Há 50 anos, quando tudo começou, era apenas mais um evento em comemoração ao aniversário da cidade. E, após relutância dos clubes, acabou reunindo quatro times: Corinthians, Palmeiras, Juventus e Nacional.
A princípio, a Copa São Paulo foi criada para englobar várias modalidades, o futebol entre elas. Mas tinha handebol, basquete, vôlei. Era para tapar o buraco do calendário, que em janeiro não tinha nenhuma disputa, e comemorar o aniversário da cidade”, explica o fotógrafo Fábio Lazzari Júnior, de 59 anos, filho do jornalista Fábio Lazzari, idealizador do torneio, que faleceu em 2011.
Há quem diga que a ideia inicial era contar com os elencos profissionais das equipes, o que dificultou a tarefa de convencer os clubes a ceder seus atletas. No fim, jogaram os juniores. Lazzari nega. “Como a secretaria era amadora, a ideia sempre foi utilizar gente dessa categoria, para revelar talentos”.
As partidas foram disputadas no Centro Educacional e Esportivo Vicente Feola, na Vila Manchester, zona Leste da capital. O Nacional venceu o Palmeiras por 5 a 1. O Corinthians bateu o Juventus por 4 a 1. No dia seguinte, aniversário de São Paulo, os corintianos fizeram 1 a 0 e ficaram com o título. Há poucos registros a respeito do torneio e até dúvidas sobre as escalações.
“Acho que é o preço que estamos pagando de uma cultura que o brasileiro não tem, que é de conservar a memória. O que meu pai procurou fazer foi escrever um livro (“Copa São Paulo – A Vitrine do Futebol Brasileiro”)”, afirma Lazzari.
A Copa São Paulo só começou a crescer a partir de 1971, quando teve 16 clubes. “A maior dificuldade foi convencer as equipes a participarem. Imagina lá no Rio Grande do Sul falar para o Internacional participar de um campeonato organizado pela secretaria municipal de São Paulo. O que meu pai comentava comigo é que usava uma estratégia: ia no Inter e falava que o Grêmio iria participar. Aí o pessoal do Inter ficava ‘como pode, se o Grêmio vai participar, a gente também vai’. Ele fez isso em vários estados”, conta Lazzari.
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