Um novo estudo laboratorial, financiado pela cervejaria Backer, revela que há sinais de monoetilenoglicol em outras marcas de cervejas concorrentes. Segundo a empresa, o próprio processo de fermentação pode provocar a presença da substância que, somente em quantidade acima do especificado, pode intoxicar.
As afirmações foram feitas pela cervejaria durante audiência pública na Câmara Municipal de Belo Horizonte, na tarde dessa quarta-feira (4). No encontro, solicitado pelo vereador Pedro Bueno (Pode), a empresa ainda afirmou que tem intenção de se reunir com as famílias das vítimas e negociar auxílio-médico, mas destacou que não tem confirmação de sua culpa pela intoxicação.
Até o momento, foram encontradas substâncias nocivas à saúde em 55 lotes de cervejas Backer. Por isso, a Polícia Civil investiga se 34 casos de intoxicação e seis mortes em Minas têm relação com o consumo de bebidas da marca.
Na reunião, a empresa ‘assumiu’ que a substância foi encontrada na produção cervejeira, embora não a utilize em sua cadeia produtiva, mas explicou que o fato é recorrente em outros rótulos concorrentes. A afirmação foi baseada em um novo estudo feito a partir dos trabalhos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do Departamento de Química da UFMG e do Laboratório Amazile Biagioni (LABM), incluindo ainda um toxicologista e uma perita química.
“A literatura mundial indica a presença de MEG (monoetilenoglicol) em produtos fermentados, como é o caso das cervejas, em quantidade que não prejudica a saúde dos consumidores. Por isso, somente a análise qualitativa não é suficiente para identificação de contaminação de um produto. O simples fato de existir essa substância na cerveja não torna o produto impróprio para o consumo”, afirmou a Backer.
Ou seja, mais do que a identificação do agente químico no produto, seria necessário avaliar o volume da substância presente na cerveja em comparação com o volume de consumo capaz de causar intoxicação. Na reunião, os advogados da empresa afirmaram que essa informação quantitativa está sendo apresentada nos processos judiciais, que correm em sigilo.
Segundo a empresa, o intuito ao tornar público os exames realizados não é se isentar de suas responsabilidades e sim “trazer luz e transparência sobre um assunto que é de interesse de toda a sociedade”.
Ministério discorda
A afirmação da Backer provocou reação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que declarou que a apuração do caso envolveu a coleta de mais de uma centena de amostras de cervejas de diversas marcas disponíveis no mercado e que, até o momento, foram obtidos resultados negativos em 74 dessas amostras.
A pasta também declarou que o caso da Backer é isolado e não coloca a segurança das demais cervejas nacionais em risco.
A reportagem procurou o Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindbebidas MG) e a Associação dos Cervejeiros Artesanais de Minas Gerais (Acerva Mineira) e aguarda retornos.
A Polícia Civil, que investiga o caso, foi procurada e afirmou que não vai se posicionar, no momento, sobre o novo laudo financiado pela Backer.
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