O feriado nacional de 21 de abril é uma homenagem a Tiradentes e, para os mineiros, a data tem um significado ainda mais emblemático. Isto porque nasceram em Minas Gerais os ideais que marcaram o início da busca por liberdade e autonomia frente à Coroa portuguesa, o que resultou na execução de Joaquim José da Silva Xavier em 21 de abril de 1972,

Além de representar uma revolução social no país, a Inconfidência Mineira inspirou – e continua a inspirar – vasta produção artística. Os equipamentos culturais da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), por exemplo, guardam algumas dessas produções em seus acervos ou mesmo em exibições temporárias. São itens que carregam as tradições mineiras na essência e revelam como os sonhos de uma geração do século XVII ganharam diferentes contornos e interpretações por meio da arte e da cultura.

Percurso artístico e histórico

No Circuito Liberdade, localizado na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, o visitante pode entender como a Inconfidência representou um momento fundamental na formação da identidade cultural do estado. O Museu Mineiro, por exemplo, é repleto de referências artísticas – e históricas desse período. Um dos itens mais importantes é a Bandeira dos Inconfidentes, exposta na Sala Minas Gerais: original e múltipla.

Bem diferente da versão oficial da flâmula do estado, a que está em exibição no Museu Mineiro tem o triângulo verde, sugestão do próprio Tiradentes. O fundo branco foi ideia do poeta Cláudio Manoel e o lema em latim, “Libertas quæ sera tamen”, foi proposto por Alvarenga Peixoto. A sala também guarda um relógio de bolso usado por Tiradentes. É um objeto banhado em prata, gravado com as iniciais J. J. S. X. (Joaquim José da Silva Xavier) e datado de 23 de fevereiro de 1780.

O Memorial Minas Gerais Vale abriga, por sua vez, o Panteão da Política Mineira. A sala interativa reúne material audiovisual com diálogos de Tiradentes, Tomás Antônio Gonzaga, Padre Rolim, Claudio Manoel da Costa. E, no MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, o visitante também pode entender como a mineração foi responsável por transformar a Capitania de Minas Gerais na mais rica da Colônia.

Já no Museu dos Militares Mineiros, há surpresas para o visitante. A primeira é o uniforme oficial de Tiradentes que, além de dentista, cumpria função militar na corte. Outro atrativo é uma carta escrita pelo alferes para o rei de Portugal em que ele assina como “Alferes, o comandante do Sertão”. No acervo também está exposta uma correspondência de Bárbara Heliodora, esposa de Alvarenga Peixoto. O documento foi escrito para o contratador da Real Fazenda, João Rodrigues de Macedo, em um tom de desespero, porque ela teve os bens confiscados pela Coroa.

Documentos oficiais e literatura

A Inconfidência Mineira também é destaque em dois outros equipamentos culturais no Circuito Liberdade, o Arquivo Público Mineiro (APM) e a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais. No primeiro espaço, que guarda registros antigos sobre a formação do estado, o visitante – ou pesquisador – tem acesso a milhares de documentos do Poder Executivo estadual e aos documentos privados de interesse público.

Nesse acervo arquivístico existe, por exemplo, uma coleção dedicada à Inconfidência Mineira, com registros datados de 1742 a 1967.  No Sistema Integrado de Acesso (SIAAPM), estão disponíveis, on-line, documentos originais referentes à administração da Capitania, com registros dos inconfidentes antes mesmo de serem reconhecidos dessa forma. Um deles é o diário de despesas de Tiradentes, que pode ser acessado aqui, e descreve, entre outros itens, a quantia de 72 mil réis, valor que o alferes recebeu entre 1781 e 1872 do império português.

Ainda disponíveis para consulta estão os documentos a respeito dos desdobramentos das investigações dos inconfidentes, conhecidos como os Autos de Devassa da Inconfidência Mineira. Em um dos processos, há um auto derivado de uma queixa, feita à administração da Capitania, pedindo a devolução de uma escrava que havia sido confiscada junto com os bens de Tiradentes (confira neste link). A versão integral do processo foi publicada pela Imprensa Oficial durante as décadas de 1970 e 1980 e também está disponível para consulta clicando aqui.

Já na Biblioteca Estadual, a conspiração ganha contornos poéticos. A obra “Poesia dos inconfidentes: poesia completa de Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, e Alvarenga Peixoto” (Ed. Nova Aguilar, 1996) é um compilado sobre a produção literária de alguns inconfidentes, desde a criação do primeiro casal mítico da literatura, em Marília de Dirceu, ao tom satírico das Cartas Chilenas.

Em produções mais contemporâneas, destaque para “Romanceiro da Inconfidência” (Ed. Livros d Portugal, 1953), de Cecília Meireles, inspirado em uma visita que a autora fez a Ouro Preto. Há, ainda, opção para as crianças, com o livro “Joaquim José: a História de Tiradentes para Crianças” (Ed. Nova Fronteira, 1985), de Hélio Faria, que narra uma aventura lúdica sobre o período.
Informação ao público

Devido às medidas de isolamento impostas para diminuir os impactos do coronavírus, os equipamentos culturais da Secult estão fechados para visitação. No entanto, informações sobre acervos e atividades podem ser encontradas on-line, nas redes sociais da Secrtearia e espaços culturais.

Secult
Facebook: /CulturaeTurismoMG
Instagram: @culturaeturismomg e @visiteminasgerais

Centro de Arte Popular
Facebook: /centrodeartepopular
Instagram: @centrodeartepopular

Museu Mineiro
Facebook: /museumineiro.mg
Instagram: @museumineiro

Museu dos Militares Mineiros
Facebook: /museudosmilitaresmineiros
Instagram: @museudosmilitaresmineiros/

Museu Casa Guimarães Rosa
Facebook: /museucasaguimaraesrosa.mg

Museu Casa Alphonsus de Guimaraens
Facebook: museualphonsusdeguimaraens
Instagram: museualphonsus/

Museu Casa Guignard
Facebook: museucasaguignard.mg

Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais
Facebook: /bibliotepublicaestadualmg
Instagram: @bibliotecaestadualmg

Agência Minas

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