Quem nunca ouviu a frase “Você não tem mais idade para isso!”? Esse tipo de comentário pode ser classificado como etarismo ou ageísmo, que consiste no preconceito, na intolerância, na discriminação contra pessoas ou grupos etários com idade avançada.

A terceira idade pode ser definida como uma fase difícil para algumas pessoas. Isso porque além da saúde física ficar debilitada, a saúde mental dos idosos também é afetada por comentários ofensivos. Frases como “você está velho demais para isso” ou “lugar de velho é no asilo”, são exemplos de discriminação.

O etarismo pode afetar seriamente a saúde mental dos idosos, contribuindo para a baixa autoestima, para sentimentos de desamparo e para o isolamento, casos de depressão.

Idosos que sofrem preconceito em relação à idade estão mais suscetíveis a doenças crônicas, como as cardiovasculares. O etarismo pode acelerar o declínio cognitivo, aumentando o risco de demência.

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É complicado envelhecer em um país que cultua a juventude eterna, o novo, o que acabou de lançar. As pessoas se tornam descartáveis como um objeto. Em alguns setores profissionais, alguém de 50 anos é tido como ‘velho’ para o mercado de trabalho. As experiências acumuladas são pouco valorizadas, especialmente para as mulheres, é como se não pudéssemos envelhecer.

Quando o envelhecimento passa a ser entendido como algo natural da vida, a pessoa passa a lidar melhor com todos os aspectos relacionados a essa nova etapa. Ao aceitarmos a realidade, podemos escolher como administrar as dificuldades e usufruir dos ganhos.

De modo geral, as pessoas tendem a destacar mais as perdas do que os ganhos. Esse modo de experimentar os fenômenos da vida acaba trazendo limitações, muitas vezes autoimpostas. As pessoas não acreditam que podem ter desejos e necessidades diferentes dos padrões sociais estabelecidos.

Podemos combater o etarismo mas não temos como fazê-lo desaparecer. Muito provavelmente continuarão existindo os estereótipos, preconceitos e discriminação em relação às pessoas por conta da idade que têm. Continuarão existindo também os próprios preconceitos com relação à idade e o desejo de parecer jovem para ter aprovação social. O ser humano é um ser social, gostamos de ser admirados e bem-vistos aos olhos dos outros.

Não temos como controlar o que os outros vão fazer ou pensar. Apesar de fazerem mal a si próprios e aos outros, muitos seguem julgando e depreciando o semelhante. Todos temos limitações, pontos a desenvolver e evoluir psicológica e socialmente. O ideal é que cada um se esforce em exercitar um olhar que inclua o diferente, aprendendo, acolhendo e ampliando o saber e o ser.

Para lidar melhor com essa questão, é necessário aceitar que o desconforto de envelhecer é normal. Envelhecer é um processo que naturalmente passa pela surpresa, seguida da comparação com quem éramos e um luto por aquilo que nunca seremos.

Para se sentir bem com a própria aparência e com as próprias escolhas é importante se conhecer bem, saber o que quer para o mundo e para a própria vida e ter consciência de tudo o que construiu ao longo do caminho. Só assim é possível ter resiliência e inteligência emocional o suficiente para não se frustrar com uma coisa que é inevitável.

Precisamos enxergar a velhice como uma vitória, não como uma punição social. Cada um tem que aceitar seu processo de envelhecer. Fazer mudanças, sim, mas sem imposições, com os desejos pessoais sendo prioridade.

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