Quando nascemos somos inundados com vários tipos de rótulos. Começamos a ouvir com quem nos parecemos ou como nos portamos e o que seremos quando crescer.

A construção de nossa identidade não acontece quando nascemos, mas em um processo que dura por alguns anos em nossa infância e adolescência.  E a interferência na construção de nossa identidade pode ser sentida em nossa autoimagem e autoestima.

Se buscar na memória podemos identificar comentários, apelidos ou frases que marcaram nossa percepção sobre nós mesmos, de forma negativa ou positiva. Acabamos repetindo um comportamento violento que aprendemos ainda pequeno: julgar uns aos outros.

 

O termo rotulado significa: o que possui rótulo, o que é etiquetado ou tachado. Assim como as pessoas buscam orientar-se pelas etiquetas como identificação dos produtos, os indivíduos acometidos por rótulos são “rotulados”, como se fossem “etiquetados”, como portadores de um perfil e identidade aplicados a eles.

 

O rótulo é uma visão distorcida que direciona a uma “identidade” inadequada, que oprime, restringe e é feita sem o consentimento do outro. O termo “rótulo” envolve um conteúdo maior do que características em específico: gorducho, magrelo, narigudo, lerdo, etc, pelos quais o outro, é classificado, julgado ou apontado.

O rótulo ocorre de maneira agressiva, intencional, “inofensiva” e/ou de maneira velada e inconsciente, em que, o “rotulador” não tem noção ou não se dá conta dos efeitos de sua ação. A rotulação é dolorosa e perigosa de ser vivenciada, porque o “rotulado” passa a aderir à ideia de desajustamento ou inadequação e raramente reivindica as “acusações” e “insinuações” que induzem a atribuição de seu rótulo.

 

Durante a infância as pessoas passam a projetar uma imagem de si como, “vencedoras” ou “perdedoras”. É reforçado pela família e por terceiros através de ações que resgatam lembranças inconscientes, de atitudes tomadas especialmente pelos pais. Expor a rótulos na adolescência é preocupante, por ser o período mais intenso na formação da identidade, onde os jovens apegam-se a julgamentos dos outros.

 

Por ser portador destes tipos e formas de rótulos durante o adolescer, no que se refere aos colegas e amigos, se torna um grande peso para os adolescentes, e pode resultar na formação de uma identidade equivocada, mal estruturada, e no aflorar da baixa-estima em conjunto a fortes sentimentos de inadequação.

O ato de rotular além de amparado pela postura e olhar desqualificador, ocorre por meio de palavras destrutivas constantes lançadas ao “rotulado” como: você é assim mesmo, nunca faz nada direito, ele sempre foi meio lerdo, e outros. Quase nunca é possível ao “rotulado” demonstrar suas capacidades, mudanças ou esforços em se superar, já que este é taxado pelo “rotulador”.

A aplicação de rótulos e suas maneiras de determinar um indivíduo como preguiçoso, agitado, lento, avoado, incapaz, adota pelo “rotulador” um julgamento, onde não se admite qualquer ação, erro ou deslize. Este acusador tem por hábito estar sempre comparando atitudes cotidianas, dando um sinal de credibilidade ao rótulo, e sua vítima será oprimida, não merecedora de qualquer expectativa positiva e sempre vista com olhares pré-estabelecidos, sem fundamento.

 

O objetivo é instigar a análise da repercussão dos rótulos e suas influências na construção da identidade e autoimagem. O papel do psicólogo é intervir como mediador na desconstrução de rótulos e na reflexão da mesma. É necessário propiciar o ambiente adequado não existente de reestruturação da identidade, para a vítima de rotulação poder adquirir condições suficientes para o combate aos rótulos e reivindicar sua verdadeira posição, no que se refere à própria identidade.

 

Dar o primeiro passo é mudar a forma de ver os outros, trazendo mais empatia em nossas falas. Que tal olhar para outro e ampliar sua visão para além de suas falhas? Coloque-se no lugar do outro, isso é EMPATIA.

 

Referência bibliográfica:

 

ALVES, Gabriela M. Rótulos e adolescência. A Construção da Identidade do Adolescente e a Influência dos Rótulos na mesma. Curso de Psicologia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Criciúma, Julho de 2008.

 

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