Conhecida por pronunciar palavras complexas, a garotinha cativa com sua inteligência
Com menos de três anos, Alice, a garotinha que fez sucesso na internet após mostrar uma pronúncia admirável para sua idade, tem uma educação um tanto quanto diferente para os tempos em que a tecnologia avança rapidamente.
Filha de pais brasileiros e nascida em Londres, a pequena fez de 2021 o seu ano ao estrelar diversas campanhas e cativar um público das mais diversas idades nas redes sociais. Os pais da criança, Morgana Secco e Luiz Schiller, aceitaram o convite do SBT News e conversaram sobre a educação sem uso de telas que praticam com a filha.
Apesar de rara, a medida usada pela família tem sido mantida mesmo após os dois anos completos de Alice. Questionada sobre o que levou os dois a optarem por esse tipo de educação, a mãe, Morgana Secco, comentou que a ideia de não oferecer acesso a celulares, televisão e outros tipos de telas surgiu após a leitura de um livro de Augusto Cury, no qual o autor cita que o excesso de informação é considerado prejudicial para o desenvolvimento da criança até dois anos de idade.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças de até dois anos não sejam expostas à telas. Para a médica psiquiatra Taíris Sampaio “nesse período, entre zero a dois anos, as estruturas cerebrais sofrem amadurecimento”. “É importante brincadeiras de verdade, com brinquedos e diálogos, de preferência no chão e olho no olho.”
Visando auxiliar pais e responsáveis, a Sociedade Brasileira de Pediatria elaborou um manual de orientação intitulado #MenosTelas #MaisSaúde, no qual dá dicas de como lidar com o uso da tecnologia para as crianças, reforçando que “o atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem é frequente em bebês que ficam passivamente expostos às telas”.
Os pais da Alice, Morgana e Schiller, priorizam brinquedos criativos, como os famosos Lego, que desde muito cedo se fez presente na rotina da criança. Hoje, aos dois anos e meio, Alice verifica o manual para concluir a montagem de peças mais elaboradas.
A mãe, assim como internautas que a acompanham, ficou surpresa com a iniciativa da filha. “Começamos a montar na frente dela porque ela via no livrinho, mas eu nunca imaginei que ela teria a capacidade de fazer sozinha. Há poucos dias ela começou a querer montar e a gente dava a pecinha certa pra ela entender. Mas agora ela mesma olha no manual e já sabe onde colocar”, explicou.
Além de não consumir conteúdos de televisão, celular e demais tecnologias, outro diferencial na educação de Alice é a inclusão de livros como uma rotina desde os primeiros meses. Com uma capacidade de memorização notável para sua idade, bastam três ou quatro leituras de um mesmo livro para que ela absorva e reproduza o conteúdo sem dificuldades. O interesse pela leitura surgiu de maneira natural, mas Morgana deixa claro que ela e o esposo respeitam o tempo e vontades da filha quanto aos livros, como tem acontecido nos últimos tempos diante da novidade dos legos.
A presença e participação dos pais na rotina dos filhos é de extrema importância para o desenvolvimento diário. Na visão da psiquiatra Taíris Sampaio, “os estímulos táteis, visuais, auditivos e olfativos promovidos nas relações familiares são fundamentais para os ciclos neurobiológicos, produção de neurotransmissores e sinapses cerebrais”. Entretanto, cada vez mais esses estímulos oriundos do contato e apego familiar são substituídos pelo uso de equipamentos eletrônicos.
Também mãe, a especialista comenta que é muito difícil nos dias atuais a exposição zero, pois o contato acaba ocorrendo em algum momento. O mesmo acontece com a família de Alice, que apesar de não oferecer e permitir o uso da tecnologia, em um momento ou outro se vê, junto à filha, observando fotos ou os próprios conteúdos produzidos para as redes sociais.
Apesar de não ter acesso ao universo tecnológico e não entender quanto representa os mais de três milhões de seguidores que a acompanham no Instagram, Alice é hoje em dia um dos maiores fenômenos da internet.
Assista à entrevista de Alice e a mãe Morgana: