A influenciadora desistiu do reality ao apertar o botão nesta sexta-feira (19)

A desistência de Vanessa Lopes do BBB 24 não apenas agitou os fãs do programa, mas também gerou um debate sobre os efeitos da tecnologia e o impacto na saúde mental em situações de confinamento. A Itatiaia buscou a análise do psicólogo Lucas Goulart, doutor em psicologia social e institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que trouxe perspectivas sobre o assunto.

“A gente não pode ter certeza se esses sintomas que ela tem demonstrado têm necessariamente a ver com abstinência de tecnologia, que é uma questão bastante ampla, estudada e nova, mas que tem aparecido muito nesse momento nos consultórios, na psicologia”, pondera o profissional. Ele destaca a semelhança entre o uso intenso de smartphones e a dependência do cigarro, ambos buscando diminuir o tédio e proporcionar momentos de prazer, mas ao mesmo tempo podendo aumentar a ansiedade quando não estão presentes.

Lucas ressalta que o hábito de usar a tecnologia para lidar com a ansiedade não é exclusivo da geração TikTok. “Hoje, não só essa geração nova, todos nós temos um estilo de vida que privilegia o contato digital”, afirma. Ele destaca que a cultura de amizades por afinidade, em vez de proximidade geográfica, é uma realidade para todas as idades. A conexão digital se tornou essencial em um mundo onde o trabalho remoto e a ampliação do acesso à vida privada moldaram nossa forma de interagir.

Quanto à ideia de distorção da realidade, o psicólogo expressa discordância. “Essa é uma fala que aparece sempre quando a gente vai ver, qual quase qualquer tipo de mídia entende?”. Ele alerta para a necessidade de cautela ao rotular novas formas de comunicação como distorções da realidade, citando exemplos históricos desde o cinema até as redes sociais atuais.

“A informação é veiculada diferente pelo TikTok, de modo muito mais amplo, muito mais acessível, mas muito diferente do que era antes”, destaca Lucas. Ele enfatiza que, ao falar de distorção de realidade, é crucial diferenciar entre a construção de uma nova realidade e a propagação de informações falsas.

Quanto aos possíveis motivos da desistência de Vanessa, o psicólogo sugere que a pressão do confinamento e a falta de uma rede de sustentabilidade podem ter desencadeado sintomas semelhantes aos observados em outros períodos de isolamento. “Muita gente apresentou esses sintomas durante a pandemia, não é incomum no próprio Big Brother”, observa.

“No primeiro Big Brother a gente viu que o campeão daquela edição se apaixonou perdidamente por uma boneca que ele fez de lata. Então essas bizarrias que a gente vê que elas provém dessa questão do confinamento de tudo não ter mais uma rede de sustentabilidade que tu tinha antes tu não poder mais manter as formas que tu fazia para manter a tua saúde mental

A desistência de Vanessa Lopes do BBB abre caminho não apenas para a reflexão sobre a pressão do confinamento, mas também para um diálogo mais amplo sobre o papel da tecnologia e suas complexas interações com a saúde mental.

Via ITATIAIA