Alta de casos em 2023 pode ter sido inflada por diagnóstico errado das doenças

O secretário estadual de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, afirmou nesta terça-feira (4) que o alto número de casos de chikungunya no estado, em 2023, pode ter sido inflado pelo vírus da febre oropouche.

“Obviamente, a gente começa a olhar para trás diante desse novo cenário. Especialmente no Vale do Aço, onde a gente achava que a chikungunya estava vindo muito forte, percebemos que boa parte disso é febre oropouche”, disse o secretário.

Em 2023, Minas Gerais foi responsável por mais de 60% dos casos prováveis de chikungunya no país. Até então, a febre oropouche não havia sido identificada. Agora, em menos de uma semana, foram confirmados 68 casos.

Neste ano, Vale do Aço e Norte de Minas, somados, respondem por quase 40% dos registros de chikungunya no estado.

Agora, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG) vai reanalisar as amostras já fechadas por notificação, o que pode resultar em uma disparada de casos de febre oropouche nas próximas semanas.

“A notificação nem sempre é por teste, ela é por sintomas. Então, se dentro da análise epidemiológica, demonstrar que o paciente provavelmente teve chikungunya, nosso boletim aparece como chikungunya. A gente normalmente não testa tantas amostras, especialmente em ano epidêmico como é o caso de agora e foi em 2023”, explicou Baccheretti.

Até o momento, Minas Gerais teve 72 contaminações de oropouche, a partir de 427 exames suspeitos de arboviroses, doenças febris transmitidas por mosquitos, mas que não apresentaram resultados positivos para dengue, zika e chikungunya.

O que é a febre oropouche?

Segundo o infectologista, Marcelo Neubauer, a doença é uma arbovirose transmitida pela picada de um borrachudo, o Culicoides Paraense, e apresenta um mecanismo parecido com a transmissão da dengue. A grande diferença entre as duas, segundo o especialista, é que a oropouche conta com animais na natureza que podem ser seus hospedeiros. No caso da oropouche também, a contaminação acontece apenas em algumas áreas do país que são endêmicas, como a Amazônia, por exemplo.

O quadro sintomático também é parecido com a dengue

O infectologista Werciley Vieira Jr disse que as dores no corpo na febre oropouche costumam ser mais intensas do que na dengue. No entanto, ele reitera que não é possível fazer o diagnóstico apenas observando o quadro sintomático do paciente.

Diagnóstico

O exame PCR (reação em cadeia da polimerase) possibilita a identificação do vírus no sangue e os testes sorológicos lgG e lgM mostram a presença de anticorpos específicos, também no sangue.

Prevenção

A prevenção é parecida com os casos de dengue, chikungunya e outras doenças causadas pela picada do mosquito: uso de repelentes, blusa de manga longa e calça comprida em áreas de mata, além de telas e mosqueteiros.

Sinais de alerta

Os principais indícios que devem deixar as pessoas atentas são a falta de hidratação, náusea, vômito e dor incontrolável. Pessoas imunossuprimidas, idosos, crianças e pessoas com comorbidades têm maior chance de complicações associadas à doença, segundo Vieira Jr.

Tratamento

Ainda não existe um tratamento específico para a doença, no entanto, ele deve ser focado em aliviar os sintomas e o paciente também deve se manter hidratado.

SBT News