Dados do IBGE mostram que as brasileiras têm se tornado mãe cada vez mais tarde

As brasileiras têm se tornado mãe cada vez mais tarde. O último balanço do IBGE mostrou que 38% delas ficaram grávidas com 30 anos ou mais. Muitas vezes, a mulher adia a maternidade para se dedicar à carreira. Sabendo disso, algumas empresas estão oferecendo às funcionárias um benefício para congelamento de óvulos.

 

Aos 35 anos, Thais se tornou diretora comercial de uma empresa de tecnologia. “Eu sempre tive foco profissional, de enfim, ir atrás de oportunidades, estudar”, conta.

Ter filhos não é prioridade dela, pelo menos agora, e com um ajuda de custo da companhia, ela decidiu congelar os óvulos. “Te dá uma liberdade pra poder fazer as coisas no seu tempo, pensar com mais calma e tal, porque é uma decisão importante”, diz Thais.

Trabalho e maternidade, uma jornada dupla difícil de conciliar. Para muitas mulheres se tornar mãe pode interromper um momento de ascensão na carreira, então algumas empresas passaram a oferecer o congelamento de óvulos como benefício, uma alternativa capaz de congelar também o tempo.

Depois dos 35 anos, o relógio biológico começa a dar sinais e a produção de óvulos reduz. Quando a mulher menstrua pela primeira vez, tem cerca de 400 mil óvulos. A cada ciclo, 1.000 deles se perdem. Aos 40 anos, a capacidade reprodutiva é de apenas 8%.

“Como o óvulo vai perdendo qualidade no envelhecimento, ele fertiliza com mais dificuldade, e quando ele fertiliza podem ocorrer problemas genéticos, como a síndrome de down, por exemplo. A vantagem do congelamento está em manter a qualidade do óvulo”, diz Emerson Barchi Cordts, médico de reprodução humana.

Os óvulos ficam congelados nestes contêineres até a futura mamãe decidir que é a hora. O procedimento custa em torno de R$ 15 mil a R$ 20 mil, e tem ainda uma taxa anual de R$ 1.000 para manter os óvulos congelados.

Em uma empresa de e-commerce ouvida pelo SBT, o benefício é oferecido desde 2019, e 15 funcionárias já receberam uma ajuda de custo para realizar o procedimento.

“Aqui a gente acredita que ela é a melhor pessoa pra entender o momento que você está vivendo, tanto pessoal como profissionalmente, para que ela possa planejar e fazer essa escolha de crescer sua família no momento em que ela se sinta confortável, sem nenhum tipo de pressão, seja externa, de familiares, da própria empresa”, diz Monica Rosenburg, gerente de benefícios.