A música Flor da Idade é um dos clássicos do genial Chico Buarque. E a parte mais marcante dela: “Carlos que amava Dora, que amava Lia, que amava Paulo…” nos leva a pensar na eleição presidencial do Cruzeiro, que acontecerá em 40 dias (a data inicial é 21 de maio), mas num sentido de negação. Sim, a última Sexta-feira da Paixão, que começou com apenas o advogado Sérgio Santos Rodrigues como candidato ao cargo, terminou com os empresários Giovanni Baroni e Ronaldo Granata também entrando no páreo.

E o Sábado de Aleluia chega com o Cruzeiro tendo três postulantes ao seu cargo máximo – Baroni disse que tomará a decisão na próxima terça-feira (14), mas concorrerá à presidência do clube – e com este número podendo aumentar, pois nos bastidores celestes já é levantada a possibilidade de um quarto nome.

A análise do passado serve para mostrar como é surreal a briga política no clube, devastado por administrações irresponsáveis ou criminosas mesmo nos últimos anos. Impressiona mais ainda não ser o ponto inicial a mudança do ultrapassado Estatuto e as regras de controle sobre o mandatário maior.

Uniões

No Cruzeiro, a eleição presidencial é feita pelo Conselho Deliberativo. No último pleito, por exemplo, foram 435 votos computados. Todos se referem à torcida celeste como uma massa de 9 milhões de pessoas. E esses 9 milhões de cruzeirenses tiveram o mandatário maior do clube escolhido em outubro de 2017 por 0,004% da China Azul.

Como Wagner Pires de Sá teve 235 votos, contra 200 de Sérgio Santos Rodrigues, ele foi eleito por 0,002% dos cruzeirenses. Sim, essa é a conta. É impossível fazer uma eleição com toda a torcida do clube para se escolher o presidente. Mas a ampliação do colégio eleitoral é fundamental para que o processo perca a marca do conchavo. E deixe de ser injusto.

Sim, a injustiça está presente nas eleições do Cruzeiro. As chapas para a escolha de novos conselheiros são formadas e votadas por sócios dos dois clubes sociais (Campestre e Barro Preto). Muitos deles, nem cruzeirense podem ser, mas cotistas apenas pela proximidade.

O Sócio 5 Estrelas, em nenhuma das suas categorias, tem participação neste processo.

Mas isso não é o pior. Um colégio eleitoral tão pequeno, dá a candidatos a chance de fazer planos de poder como o de Wagner Pires de Sá, por exemplo, que empregou no clube dezenas de conselheiros, que logicamente votaram nele.

Não há aqui nenhuma acusação a qualquer candidato, pois nem registro de chapa ainda se tem, mas que a possibilidade existe, bancada pelo atual Estatuto, o rombo de quase R$ 1 bilhão prova.

Têm moral conselheiros que receberam do clube, seja como funcionário, prestador de serviço ou consultor, para votar numa eleição para presidente?
Realizar mais uma eleição com um Estatuto tão frouxo no que diz respeito ao controle da gestão é o caminho que o Cruzeiro deve seguir neste momento?

Um clube com tantos grupos de WhatsApp, tanta divisão, que foi usado por décadas para fins políticos ou pessoais, precisa antes de qualquer coisa ter novas diretrizes.

Não há projeto que modernize tanto o Cruzeiro como um novo Estatuto, pois ele pode dar legitimidade aos eleitos, e segurança aos seus torcedores.

Qualquer candidato ou citado que queira se manifestar, terá todas as suas ponderações sobre o exposto aqui transformadas em uma matéria. Todos têm meu contato.

Hoje em Dia

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