Apesar da grande festa da torcida, em noite de MIneirão lotado, o Atlético lucrará pouco com o clássico deste sábado, que teve tíquete médio de R$ 14 (Imagem: Bruno Cantini/Agência Galo/Atlético)

O Atlético mudou a linha de condução do futebol na temporada 2020 em relação aos dois últimos anos. O clube resolveu investir e isso está evidente não só com a chegada do técnico argentino Jorge Sampaoli, que juntamente com a sua comissão técnica pode custar até R$ 1,5 milhão por mês ao clube, mas também pela promessa de reforçar o elenco ainda mais para atender ao novo comandante.

Dentro dessa nova realidade, uma fonte de arrecadação fundamental será a renda dos seus jogos como mandante, no restante do Campeonato Mineiro e na Série A do Brasileirão. Isso porque as boas cotas das Copas Sul-Americana e do Brasil não fazem mais parte do orçamento alvinegro nesta temporada. O clube foi eliminado precocemente dos dois torneios, provocando a queda do treinador venezuelano Rafael Dudamel e parte de sua comissão técnica, o que vai gerar mais despesas ao clube por causa das multas rescisórias.

O primeiro jogo como mandante do Atlético dentro desta nova realidade foi neste sábado (7), quando venceu o rival Cruzeiro por 2 a 1 com 53.576 torcedores no Mineirão, na primeira vez, desde a reinauguração do Gigante da Pampulha, em 2013, que o Galo mandou o confronto no estádio.

Os R$ 753.615,00 arrecadados fazem com que o tíquete médio do jogo, considerando-se seu público total, seja R$ 14,06, o menor da história do clássico nesta chamada Era das Novas Arenas, iniciada em 2012, com as reinaugurações de Independência e Mineirão. Este valor é menos da metade do preço do estacionamento do Gigante da Pampulha, pois o valor por carro é de R$ 30.

Histórico

Antes, o menor tíquete médio do clássico a partir de 2012, considerando-se o público total, era R$ 19,25, no empate por 1 a 1 entre os dois clubes em 27 de janeiro do ano passado, também no Mineirão, num jogo com mando cruzeirense.

No caso do Atlético, que pela primeira vez manda um clássico no Mineirão desde a reinauguração do estádio, pois sempre recebeu o Cruzeiro no Independência, o menor valor médio do ingresso era R$ 23,37, em 4 de março de 2018, numa derrota por 1 a 0 em confronto válido também pela fase classificatória do Estadual.

Realidade

Um grande desfio alvinegro na temporada 2020, em que o alto investimento no futebol vem acompanhado de uma volta ao Mineirão, é fazer do Gigante da Pampulha uma fonte de receita, o que o clube não conseguiu, por exemplo, no ano passado, quando chegou a jogar no estádio com tíquete média de R$ 5,80. Isso aconteceu num 2 a 0 sobre o Botafogo, em 4 de dezembro, pela penúltima rodada do Brasileirão, quando 27.924 torcedores proporcionaram uma renda bruta de R$ 129.939,00.

Em matéria do Globoesporte.com de 16 de dezembro do ano passado, o repórter Frederico Ribeiro mostrou que o Atlético teve renda líquida negativa de R$ 217 mil nos seus 19 jogos como mandante na Série A.

O Galo pagou para jogar em 11 dos 19 vezes em que atuou em casa na Série A de 2019. A chegada de Jorge Sampaoli teve como informação de bastidores o desejo dele por reforços para brigar com o favorito Flamengo pelo título do Campeonato Brasileiro.

Neste sábado, quase que ao mesmo tempo, o clube carioca estava em campo fazendo também um clássico, contra o Botafogo, no Maracanã.

Foram 52.544 presentes no estádio do Rio de Janeiro, quase o mesmo que os 53.576 do Mineirão. A arrecadação rubro-negra foi de R$ 1.872.425,00, contra R$ 753.615,00 da alvinegra. O tíquete médio flamenguista, considerando-se público total, foi de R$ 35,63, contra R$ 14,06 do atleticano. Isso sem contar que o plano de sócios do Flamengo é muito maior e mais lucrativo, pois os números do Atlético lançados no Movimento por um futebol melhor não são os reais.

A briga do Galo com o Urubu não se limita às quatro linhas, nas contratações de badalados treinadores estrangeiros ou de grandes reforços. Ela passa também pelo suporte financeiro que cada clube consegue buscar junto à sua torcida.

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