Fonte: montagem Gilvan de Souza/Flamengo e Juarez Rodrigues/E.M/D.A. Press

Flamengo e Cruzeiro já se enfrentaram quatro vezes na Copa do Brasil. Em duas deu Raposa, que ganhou a semifinal em 1996 e a decisão em 2003. O rubro-negro levou a melhor nas quartas de 1995 e nas oitavas em 2013. A final de 2017, portanto, será um “tira-teima”. Que vai muito mais além do que simplesmente passar à frente do adversário em número de vitórias em mata-matas. É que o clube celeste almeja o pentacampeonato para se igualar ao Grêmio como maior vencedor da competição. O Fla, por sua vez, busca o tetra – condição ostentada justamente pelos mineiros. Os primeiros 90 minutos serão disputados na noite desta quinta-feira, às 21h45, no Maracanã. O duelo de volta acontece no dia 27 de setembro (quarta-feira), no mesmo horário, no Mineirão.

É provável que a final de 14 anos atrás ainda esteja engasgada no peito do torcedor do Flamengo. O Cruzeiro, que tinha disparado o melhor time do Brasil, venceu com facilidade. Em 8 de junho daquele ano, Alex precisou de apenas uma letra para silenciar 70 mil vozes no Maracanã e fazer 1 a 0. O Urubu empatou nos acréscimos, com gol de Fernando Baiano, e alimentou a esperança de surpreender em Belo Horizonte. Mas não tinha jeito. Era praticamente impossível bater o Cruzeiro de 2003 no Mineirão (só o Juventude conseguiu esse feito, pela 37ª rodada do Brasileiro, em 19 de outubro: 2 a 1). No dia 11, Alex deu assistências para Deivid, Aristizábal e Luizão marcarem de cabeça. Tudo isso com menos de meia hora de jogo. Já no primeiro tempo, a multidão cruzeirense (mais de 79 mil pagantes) gritava “é campeão!”, sem a menor preocupação do que poderia acontecer na etapa final. O máximo foi um gol de honra de Fernando Baiano: 3 a 1.

Em 1996, o Cruzeiro ganhou do Flamengo nas semifinais graças ao critério do gol marcado fora de casa. Houve empate por 1 a 1 no jogo de ida, no Maracanã, e por 0 a 0 na volta, no Mineirão. Na final, o que todo cruzeirense já sabe: triunfo histórico contra o favorito Palmeiras no Palestra Itália, em São Paulo. Em 1995 e 2013, o rubro-negro bateu a Raposa. O gostinho especial para os flamenguistas veio há quatro anos, quando Elias, aos 43 minutos do segundo tempo, anotou o gol da vitória por 1 a 0, no Maracanã. Como havia perdido na ida por 2 a 1, no Mineirão, o Flamengo dessa vez celebrou o benefício de balançar a rede como visitante. Seguiu na Copa do Brasil e continuou a avançar de fase até ser campeão – derrotou o Atlético-PR na decisão.

Título é obrigação?

O título de 2017 é visto como obrigação para ambos os lados. O Cruzeiro não levantou uma taça sequer este ano. Perdeu a final do Campeonato Mineiro para o Atlético e foi eliminado pelo Nacional-PAR na primeira fase da Copa Sul-Americana. No Campeonato Brasileiro, o time aparece em sexto, com 31 pontos (22 jogos), a 19 do líder Corinthians. Na Primeira Liga, apesar de o torneio ser colocado em segundo plano por grande parte dos clubes que o disputam, houve frustração com a derrota dos reservas para o Londrina (3 a 1 nos pênaltis, depois de 2 a 2 no tempo normal).

Campeão carioca deste ano, Flamengo também colecionou fracassos. Saiu na fase de grupos da Copa Libertadores e perdeu do Paraná nas quartas de final da Primeira Liga. O prêmio de “consolação” continental foi a terceira posição da chave, que deu vaga na segunda fase da Copa Sul-Americana. Após passar pelo Palestino-CHL com duas goleadas (5 a 2 e 5 a  0), o Fla pegará a Chapecoense nas oitavas de final. No Brasileiro aparece em quinto, com 35 pontos.

Treinadores em busca de prestígio

A Copa do Brasil mexe com o currículo dos treinadores. Mano Menezes conquistou a competição em 2009, com o Corinthians, mas vem passando em branco desde então. Num discurso respeitoso, o gaúcho coloca os objetivos coletivos acima do individual e diz que clubes ganham títulos por merecimento. “Eu não coloco questões individuais acima de questões coletivas. Falo isso para os jogadores e não poderia deixar ser diferente para comigo. Acho que o treinador faz parte de uma equipe e ele só vai ganhar se sua equipe estiver suficientemente boa para ganhar. Acho que o Cruzeiro está bem preparado. Um dos dois vai ser campeão. E nós esperamos que seja a gente.”

O colombiano Reinaldo Rueda tem o desafio de colocar um ponto final na sina dos treinadores estrangeiros no Brasil. Antes de o ex-líder do Atlético Nacional-COL aceitar a proposta do Flamengo, alguns “gringos” não conseguiram emplacar no país, como o português Paulo Bento (Cruzeiro), o argentino Edgardo Bauza (São Paulo), o português Sérgio Vieira (América) e o argentino Ricardo Gareca (Palmeiras). Rueda, que chegou ao Fla na semifinal – substituiu Zé Ricardo –, terá a chance de mudar esse quadro com um título importante, que dará ao vencedor o direito de disputar a Copa Libertadores de 2018 diretamente na fase de grupos.

Os times

Mano Menezes foi claro na entrevista coletiva dessa quarta, no Maracanã. Disse que o time está “quase em sua totalidade”, bancou Ezequiel na lateral direita e indicou apenas uma dúvida no ataque. Joga Rafael Sobis ou Raniel. O primeiro é artilheiro do time na competição, com cinco gols. O segundo entrou bem nos confrontos decisivos contra Palmeiras (quartas de final) e Grêmio (semifinal) e virou “xodó da torcida”. O escolhido será revelado oficialmente uma hora antes da partida.

Reinaldo Rueda tem de escolher entre Alex Muralha, que vive momento ruim, e Thiago para ser o goleiro do Flamengo. Apesar de não confirmar quem jogará, o treinador deu indícios de que o segundo deverá ser titular. “É uma decisão que atende vários pontos, sociológicos, psicológicos, da torcida. Por isso, temos de fazer uma análise buscando o melhor para a equipe. A situação não é fácil. Nosso psicólogo está trabalhando com os goleiros”. No ataque, Lucas Paquetá será o substituto do suspenso Paolo Guerrero, já que Felipe Vizeu, centroavante reserva, está machucado.

Tanto Cruzeiro quanto Flamengo têm jogadores importantes que não estão inscritos na Copa do Brasil. No lado da Raposa, os nomes são Galhardo (lateral-direito), Digão (zagueiro), Messidoro (meia), Rafael Marques (atacante) e Sassá (atacante). No Fla, o prejuízo em termos técnicos é um pouco maior: Diego Alves (goleiro), Rodholfo (zagueiro), Everton Ribeiro (meia) e Geuvânio (atacante).

As campanhas

O Cruzeiro está na Copa do Brasil desde o começo da competição. Ao longo do torneio, disputou 12 jogos, com sete vitórias, três empates e duas derrotas. Foram 22 gols pró e apenas oito sofridos. O artilheiro é Rafael Sobis, com cinco tentos.

Adversários: Volta Redonda, São Francisco-PA, Murici-AL, São Paulo, Chapecoense, Palmeiras, Grêmio

O Flamengo entrou a partir das oitavas de final. Em seis jogos, ganhou três, empatou dois e perdeu um, com sete gols a favor e cinco contra. Com dois gols, o peruano Paolo Guerrero é o artilheiro rubro-negro na competição.

Adversários: Atlético-GO, Santos e Botafogo

Títulos de cada clube

Cruzeiro: 1993, 1996, 2000 e 2003 (vice em 1998 e 2014)

Flamengo: 1990, 2006 e 2013 (vice em 1997, 2003 e 2004)

FLAMENGO X CRUZEIRO

FLAMENGO

Thiago; Rodinei, Rever, Juan e Pará; Cuellar, Willian Arão e Diego; Everton, Berrío e Lucas Paquetá

Técnico: Reinaldo Rueda

CRUZEIRO

Fábio; Ezequiel, Leo, Murilo e Diogo Barbosa; Henrique, Hudson, Robinho e Thiago Neves; Alisson e Rafael Sobis (Raniel)

Técnico: Mano Menezes

Motivo: jogo de ida da final da Copa do Brasil

Local: Maracanã, no Rio de Janeiro

Data: quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Horário: 21h45

Árbitro: Marcelo Aparecido de Souza (SP/CBF)

Assistentes: Anderson José de Moraes Coelho (SP/CBF) e Bruno Salgado Rizo (SP/CBF)

Assistentes adicionais: José Cláudio Rocha Filho (SP/CBF) e Ilbert Estevam da Silva (SP/CBF)

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