A quarta edição dos Jogos Parapan-Americanos de Jovens 2017, realizada em São Paulo, será encerrada neste sábado, 25, após cinco dias de competição, em evento às 18h no Complexo do Anhembi, zona norte da cidade. Cerca de 800 atletas, de 20 países, com idade entre 13 e 21 anos, participaram da competição. A delegação brasileira contou com 172 esportistas.
O presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons, destacou a presença dos jovens entre os espectadores. “Quando a gente tem um público de jovens, olhando jovens com deficiência fazendo o que a Lucia [Montenegro, do atletismo argentino] e o que o Gabriel [Nascimento, da natação brasileira] fazem, isso muda a cabeça dessas pessoas, pessoas tão jovens, que são os futuros tomadores de decisão deste país, não só no nível governamental, mas também como representante da sociedade privada”, destacou.
Parsons acrescentou que esses jovens podem ser “um futuro dono de um restaurante que vai colocar uma rampa, que vai colocar um cardápio em braile, que vai entender que as pessoas com deficiência tem o seu espaço na sociedade e são capazes de coisas incríveis, como prova esses dois atletas que estão aqui”.
A programação contou com 12 modalidades: atletismo, bocha, futebol de 5, futebol de 7, goalball, judô, halterofilismo, vôlei sentado, natação, tênis de mesa, basquete em cadeira de rodas e tênis em cadeira de rodas.
Gabriel Nascimento, de 14 anos, do município de Jaú, no interior paulista, conquistou três medalhas de ouro na natação. Ele é deficiente visual, compete na categoria S11 e começou a treinar há apenas um ano e meio, com o incentivo da família. “Sem a minha família, eu não estaria aqui”. Esta foi a primeira vez que o jovem competiu em uma piscina de 50 metros (m), antes só havia treinado em 16 m.
“No começo, eu fiquei um pouco com medo e com ansiedade, como todos os atletas ficam. No primeiro dia de treino aqui no CT [Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro], antes das competições, eu cansei bastante. Mas, no primeiro dia, eu já peguei resistência, porque no segundo dia eu já consegui nadar 100 [m], 150 [m]. Então eu fiquei bem feliz com esse resultado”, disse o atleta.
O paulistano João Pedro, de 13 anos, conquistou duas medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze, também na natação. O jovem, que não tem uma das mãos, compete na categoria S9 e começou no esporte aos 3 anos. “Meu pai, desde que eu era pequeno, sempre queria que eu fizesse um esporte, não para me profissionalizar, mas sim para conseguir me adaptar mais à deficiência, porque o esporte te traz isso, além de trazer disciplina”.
Para ele, participar do Parapan foi uma grande experiência no esporte. “Eu não esperava que eu fosse ser convocado. Conquistar isso com 13 anos já é um grande passo”, comemorou. “Agora que eu estou começando em competição internacional, você não tem que pensar muito em querer ganhar medalha, é mais tentar ganhar experiência. Eu tentei usar bem esse Parapan para ganhar experiência para as próximas competições internacionais, se é que vou participar, vamos tentar”, disse o jovem.
O treinador de João, Rogério Nocentini, também comemorou a participação do atleta no evento. “A medalha é o que reflete o resultado da competição, é o que mais salta aos olhos de todo mundo. Mas eu, como treinador, vejo principalmente melhora de tempos que ele já tinha. Esses fatores de mudança de estratégia de prova, mudança técnica, a forma como ele entrava e saía das provas, isso que foi o mais bacana. Foi uma evolução realmente muito boa”, disse.
As atividades da modalidade natação foram encerradas ontem (24) e o Brasil levou 61 medalhas nos quatro dias de competição, sendo 27 de ouro, 17 de prata e 17 de bronze. Os dois jovens nadadores tem a meta de participar das Paralimpíadas de Tóquio 2020 e, para isso, garantem que vão se dedicar aos treinos e manter a confiança em seus trabalhos até lá.
O quadro de medalhas da competição está no site do evento.