Palco de recordes e jogos memoráveis, o Mineirinho chegará a uma marca especial neste domingo, às 9h. Pela 10ª vez, o ginásio, um dos templos do esporte brasileiro, receberá uma decisão de campeonato nacional de vôlei masculino – a quarta envolvendo Cruzeiro e Sesi, uma das maiores rivalidades recentes da modalidade. O time mineiro venceu o primeiro duelo, sábado passado, no Ibirapuera, e pode chegar ao pentacampeonato consecutivo da Superliga com novo triunfo. Caso os paulistas vençam, o título será decidido em um superset de 25 pontos.
Dos cinco títulos do Cruzeiro na Superliga, três foram conquistados na Pampulha: 2014, 2015 e no ano passado. Em 2011, na primeira vez em que disputou a taça no Mineirinho, o time celeste saiu derrotado pelo próprio Sesi, de Sandro, Wallace Martins e Murilo. No ano seguinte, sagrou-se campeão contra o Vôlei Futuro, em São Bernardo do Campo e, em 2013, perdeu para o RJX, no Rio. Em 2014, diante de 14,3 mil torcedores, conquistou o primeiro troféu diante da torcida estrelada, feito que repetiu no ano seguinte. No ano passado, voltou a levar mais de 14 mil pessoas em manhã festiva de domingo para conquistar o penta.
Mas a relação do Mineirinho com o voleibol mineiro começou bem antes, ainda na década de 1980. Depois de conquistar o tricampeonato fora de casa, entre 1984 e 1986, o Minas Tênis Clube teve a chance de erguer o troféu no ginásio em 1989, quando o torneio ainda levava o nome de Liga Nacional. Mas o time minas-tenista – de Hélder, Pelé, Henrique Bassi, Urbaninho, Márcio e Jorge Edson – acabou derrotado pela Pirelli por 3 a 0, que à época contava com Carlão, William e Pampa.
O Minas teve nova chance de conquistar o troféu em casa, em 2001, mas novamente desperdiçou. Em série melhor de cinco jogos, a equipe de Douglas Cordeiro, Ezinho, Maurício, Giba, André Nascimento, Henrique e o líbero Serginho poderia sagrar-se campeã no quarto duelo, diante de mais de 23 mil torcedores, mas saiu derrotada pela Ulbra. O título, entretanto, veio no jogo seguinte, com vitória segura no Gigantinho, em Porto Alegre. Em 2002, o time da Rua da Bahia não decepcionou os 24 mil presentes e conquistou o hexacampeonato, com brilho de André Nascimento e Dante, em decisão contra o Banespa – do ainda jovem Murilo, hoje líbero do Sesi.
O Minas ainda disputou mais duas decisões no Mineirinho, mas acabou derrotado. Em 2005, perdeu para o Banespa, de Nalbert e Filipe. No ano seguinte, o algoz foi o Florianópolis, que fechou a série em 3 a 1.
Na era pré-Mineirinho, Minas Gerais sediou ainda outras cinco decisões nacionais, em 1964, 1972, 1975, 1976 e 1978. Curiosamente, Poços de Caldas recebeu o primeiro Campeonato Brasileiro de Clubes, em 1976, em decisão sem mineiros: na ocasião, o Botafogo, de Bebeto de Freitas e Badalhoca, venceu o Paulistano.
MAQUIAGEM A história de glórias, entretanto, fica ofuscada pelo cenário de abandono que vive o Mineirinho, atualmente. Enjeitado do projeto de reforma do complexo esportivo do Mineirão para a Copa do Mundo’2014, o ginásio precisou passar por uma “maquiagem” para esconder as mazelas e torná-lo apto para a decisão de domingo. “São problemas que estamos acostumados a resolver todos os anos. Adequações necessárias no teto, piso, arquibancadas. É uma maquiagem”, conta Flávio Pereira, diretor do Cruzeiro.
Segundo o presidente da Federação Mineira de Voleibol, Tomás Mendes, o custo para fazer ajustes gira em torno de R$ 300 mil – sendo R$ 30 mil apenas para as lonas presas com mais de 5 mil presilhas nos cerca de 40 vãos abertos do teto do ginásio. As aberturas são vedadas para que o vento não influencie a trajetória da bola.
MINAS TÊNIS CLUBE
1989
Diante de mais de 20 mil torcedores, o tricampeão Minas perdeu para a Pirelli, de Carlão e Pampa, por 3 a 0.
2001
Em série melhor de cinco, o Minas podia erguer o troféu diante de 23.535 torcedores, no terceiro jogo, mas perdeu para a Ulbra. O título veio no jogo seguinte, em Porto Alegre.
2002
Com 24.085 na arquibancada, o Minas – de Ezinho, Maurício, Douglas, André Nascimento, Henrique e Dante – conquistou o sexto título de sua história ao vencer o Banespa.
2005
Com o brilho de Filipe, hoje no Cruzeiro, o Banespa deu o troco no Minas, vencendo a série melhor de cinco, no tie-break.
2006
No ano seguinte, o Minas voltou ao ginásio da Pampulha e, mais uma vez, não teve sorte: foi derrotado pelo Florianópolis por 3 a 1, na última partida da série
CRUZEIRO
2011
Em sua primeira decisão de Superliga, o Cruzeiro foi dominado pelo Sesi, de Murilo, que venceu por 3 a 1
2014
Diante de 14.300 torcedores, a equipe do técnico Marcelo Mendez não perdeu a chance da revanche, vencendo o Sesi em sets diretos
2015
Com público superior a 14 mil torcedores, o time celeste conquistou o terceiro troféu em cinco decisões consecutivas, vencendo mais uma vez o Sesi por 3 a 1.
2017
No ano passado, com público de 13.956, o Cruzeiro venceu o Taubaté, também em quatro sets, e se tornou o primeiro tetracampeão consecutivo da história
Superesportes