Cinco vezes vencedor do Troféu Imprensa, locutor eternizou bordões como “olho no lance” e “pelas barbas do profeta”

O narrador Silvio Luiz morreu nesta quinta-feira (16) em São Paulo. Ele tinha 89 anos e foi internado na quarta-feira (08), no hospital Oswaldo Cruz, na região central da cidade. A informação foi confirmada pela entidade, por falência múltipla de órgãos.

Silvio Luiz era casado com a cantora Márcia Barbosa desde 1969 e deixa três filhos: Alexandre, Andréa e André.

Trajetória

Após trabalhar como repórter de rádio, ator de radionovelas e ter algumas experiências na televisão como ator de novelas, na Record TV, Silvio Luiz trilhou uma carreira de cinco décadas na locução esportiva, com passagens pelos principais meios de comunicação do país, e se tornou um dos mais conhecidos narradores brasileiros, em especial no futebol.

Na função, teve passagens marcantes pela Rádio Record, entre as décadas de 1970 e 1980, período em que ainda apresentou programas esportivos na Record TV.

Na década de 1980, se tornou o nº 2 da Bandeirantes, então bastante reconhecida pelas transmissões esportivas, que tinha Luciano do Valle como principal responsável pela narração.

Chegou ao SBT em 1996, para comandar a equipe de esportes da emissora, narrar competições esportivas e apresentar o programa Gol Show.

No final da década de 1990, retornou à Bandeirantes, onde participou da equipe inaugural do canal fechado Bandsports e se tornou sua voz titular.

Anos depois, foi para a RedeTV!, onde narrou competições europeias, a Série B do Campeonato Brasileiro e apresentou o programa Bola Dividida. Passou ainda pela rádio Transamérica, conhecida pelas transmissões esportivas em São Paulo, na década de 2010.

Narrando futebol, Silvio Luiz ficou marcado por bordões como “olho no lance!”, “acerte o seu aí, que eu arredondo o meu daqui” e por não aderir ao tradicional grito de “gol” após a bola tocar no fundo da rede. Um dos pioneiros no uso do humor nas transmissões, se popularizou também entre o público que não era tão próximo do esporte. Por causa disso, foi convidado para dar voz a uma das versões do aplicativo de GPS Waze no Brasil e para a dublagem nacional do filme “Carros 3”.

Silvio Luiz venceu cinco vezes o Troféu Imprensa de locutor esportivo. Suas 14 indicações ao prêmio vão de 1982 a 2006, num demonstrativo de sua longevidade na profissão.

Nos últimos anos, retornou ao veículo onde começou a carreira para comandar a versão digital das transmissões do Campeonato Paulista no R7, portal da Record TV. Enquanto narrava a final deste ano da competição — disputada entre Santos e Palmeiras, no dia 7 de abril –, o veterano passou mal e precisou ser internado. Ele recebeu alta em 2 de maio, mas voltou ao hospital nove dias depois.

Silvio Luiz fez história no SBT. Leia, abaixo, nota de pesar da emissora:

“”Olho no Lance!”, uma frase que para sempre nos lembrará de um dos marcantes bordões criados por ele: Silvio Luiz, que nos deixou hoje, dia 16 de maio, aos 89 anos, em decorrência de falência múltipla de órgãos. Ele estava internado na UTI do Hospital Alemão Oswaldo Cruz desde o dia 13, por conta de uma indisposição.

Um pioneiro da TV brasileira, uma marca do esporte no veículo, Silvio Luiz Perez Machado de Sousa era apresentador, narrador, repórter, comentarista e também árbitro de futebol, experiência que teve na década de 70. Filho da veterana atriz de rádio e televisão Elizabeth Darcy, irmão da atriz Verinha Darcy, intérprete de Pollyana, na primeira versão da novela, na década de 50, pela TV Tupi.

Em 70 anos de TV, passou pelas redes Record, Excelsior, Bandeirantes, SBT e Rede TV. Na TV Excelsior, destacou-se no Show do Meio Dia, substituindo Hugo Santana. Na Record, foi repórter esportivo, narrador, atuou na primeira versão (ao vivo) da novela Éramos Seis, mas um de seus momentos mais marcantes foi no comando de Clube dos Esportistas, no início da década de 80.

A história de Silvio Luiz e o SBT teve início em 1986, quando Silvio encabeçou a equipe de transmissão da Copa do Mundo do México, num pool entre SBT e Record (à época pertencente aos grupos Silvio Santos e Machado de Carvalho), denominado Unidos Venceremos. A inovadora transmissão teve Silvio no comando de programetes e narrando os principais jogos que eram exibidos em ambas as emissoras, ao vivo ou em compactos.

Em 1996, Silvio retorna à emissora, para a transmissão das Olimpíadas de Atlanta, dividindo a narração com Osmar de Oliveira, Teo José e Nivaldo Prieto. Também narrou amistosos da seleção, e a Copa do Brasil. Em 1998, foi o principal narrador da Copa do Mundo da França. No mesmo ano, esteve à frente de uma nova fase do programa Gol Show, um game show esportivo e interativo, já apresentado no ano anterior por Silvio Santos. Em 1996 e 1997 conquistou o Troféu Imprensa como melhor narrador esportivo da TV.

Os bordões de Silvio Luiz marcaram toda uma geração de telespectadores, que se acostumaram a utilizar em seu dia-a-dia, as divertidas “tiradas” como “pelo amor de meus filhinhos”, “acerte o seu aí, que eu arredondo o meu aqui”, “olho no lance”, “pelas barbas do profeta” e tantos outros que permanecerão eternizados nas memórias televisivas do Brasil.

Os amigos, companheiros, colegas de trabalho, além de toda a diretoria do Sistema Brasileiro de Televisão, expressam profundo sentimento de saudade por Silvio, que deixou as melhores impressões em suas passagens pela casa, pedindo a Deus que conforte o coração de sua esposa – a cantora Marcia – seus filhos, netos e amigos, e solidarizando-se com o público brasileiro, que perde uma de suas referências na programação esportiva da TV.”

SBT Sports