Hatus Silveira foi personal trainer da família Cardoso, mas teria decidido se afastar dos clientes
Hatus Silveira, ex-personal trainer da família de Djidja Cardoso, afirmou em depoimento à Polícia Civil do Amazonas nesta terça-feira (4) que não participava da seita ‘Pai, Mãe e Vida”. O educador físico, inclusive, contou que em janeiro desse ano recebeu uma aplicação da droga cetamina, utilizado pelos membros da seita, sem o seu consentimento.
“Quando eu estava conversando com o Ademar, eu estava de costas e chegaram com a agulha e aplicaram em mim. Muito rápido. Eu falei ‘Não faça isso’. Eu fiquei tonto por uns 15 minutos”, relatou.
Silveira também contou que foi convidado para participar da seita, mas que recusou o convite. Ele negou que tenha apresentado a cetamina a família de Djidja e esclareceu que realizava um acompanhamento da dieta e dos treinos da ex-sinhazinha, de Ademar Cardoso, irmão dela e de Cleusimar Cardoso, mãe de Djidja.
Ele, inclusive, postou o processo de emagrecimento de Djidja em 2020 como um caso de sucesso.
Entenda o caso
Dilemar Cardoso Carlos da Silva, Djidja, como era conhecida, morreu aos 32 anos na casa em que vivia, no bairro Cidade Nova, em Manaus. Ela era uma das principais personagens, a Sinhazinha, do Boi Bumbá Garantido na festa de Parintins.
Outros familiares da ex-sinhazinha acusam as pessoas mais próximas a ela de praticar crimes na casa da vítima, inclusive que faziam ‘rituais’ com substâncias ilícitas. Cleomar Cardoso, tia de Djidja, acusou os indiciados de negar socorro à vítima e incentivar seu vício em drogas.
“A Djidja morreu por omissão de socorro por parte da mãe dela e da turma do Belle Femme de Manaus. A casa dela na cidade nova se tornou uma Cracolândia. Toda vez que tentávamos internar a Djidja, éramos impedidos pela mãe e pela quadrilha de alguns funcionários que fazem parte do esquema deles. A mãe dela sempre dizia pra nós não interferirmos na vida deles e que ela sabia o que estava fazendo, ficamos de mãos atadas. E está do mesmo jeito lá, todos se drogando na casa dela”, diz um trecho da publicação no Facebook de Cleomar.
Como funcionava seita?
A organização batizada de “Pai, Mãe, Vida”, criada pela família, tinha forte cunho religioso e se baseava no uso de drogas para acessar “outras dimensões”. A organização era liderada por Cleusimar e Ademar, mãe e irmão de Djidja, além de três funcionários da rede de salões da família, chamada de Belle Femme. Todos estão presos.
O nome da seita “Pai, Mãe, Vida”, aparece no perfil do Instagram de Cleusimar, onde vídeos e fotos sobre o salão era postado, mas também sua vida pessoal. O grupo defendia o uso da cetamina, droga que matou a ex-sinhazinha, como uma forma de alcançar a elevação espiritual.
Eles acreditavam que Ademar (irmão) era Jesus Cristo, Cleusimar (mãe) era Maria, e Djidja seria Maria Madalena.
De acordo com a polícia, os rituais eram realizados dentro dos salões de beleza e na residência da família. Nas redes sociais, Ademar se descrevia como uma espécie de “guru” que poderia ajudar as pessoas a “sair da Matrix”, e ir para o “plano superior” citado pelo grupo.
O caso já era investigado antes mesmo da morte de Djidja, há mais de 40 dias.
Até o momento, a polícia já prendeu cinco integrantes do grupo:
- Ademar Farias Cardoso Neto (irmão de Djidja);
- Cleusimar Cardoso Rodrigues (mãe de Djidja);
- Verônica da Costa Seixas (gerente de salões de beleza Belle Femme, que pertence à família de Djidja);
- Claudiele Santos da Silva (maquiadora do salão);
- Marlisson Vasconcelos Dantas (maquiador do salão).
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