Na última segunda-feira, 27, a cotação do dólar chegou à casa dos 4,14 reais, o segundo maior valor desde a implantação do real no Brasil, em 1994. E por conta disso, o consumidor precisa preparar o bolso, pois itens básicos do dia a dia devem ter um aumento nos preços pelos próximos dias.
O pão francês é um bom exemplo. Fundamental na casa de muitas famílias brasileiras, ele deve ficar mais caro justamente por conta da alta do dólar. O saco da farinha de trigo, matéria prima do alimento, que custava em torno de 48 reais há seis meses, agora é comercializado por 66 reais.
O empresário Marcelo Squarisi, dono de uma padaria, disse que não terá escolha: precisará aumentar o preço do pão francês.
“Não tem como segurar por causa dessa variação do preço, que é muito alta, o dólar subiu”, disse o empresário, que sabe que a medida não deve agradar a clientela.
Squarisi sabe que também não poderá passar o aumento por completo para não perder seus clientes e disse que precisará tomar outras medidas para não ficar no prejuízo.
“A gente pode fazer um investimento hoje na energia solar, que foi o que a gente fez aqui. A gente pode diminuir um pouco esse impacto tão grande no preço do pão francês. (…) Menos dinheiro e menos mão de obra também, por que a gente vai ter de diminuir isso também”, afirmou
Reflexos no dia a dia
Em participação ao vivo no programa Conexão Vitoriosa, o economista Benito Salomão explicou que o pão francês se encaixa no índice de preços importados, aquelas mercadorias que precisam ser importadas de outros países, como é o caso do trigo. E elas se tornam mais caras se o dólar estiver alto.
Mas Salomão explicou que o grande problema para o comércio é a volatilidade da moeda americana.
“O maior problema é a volatilidade, é você não saber como o dólar estará amanhã. Por que você tem como passar isso pro preço, você não tem referência pra poder repassar isso pro seu preço ou pra poder fixar minimamente seu preço, o seu custo de produção”, explicou o economista, que lembrou que a alta também afetar mercadorias como remédios e combustíveis.
Salomão explicou que o alto preço do dólar é resultado das incertezas do atual cenário eleitoral, o que também acaba afugentando investimentos estrangeiros, que devem aguardar o término das eleições para decidir se vale a pena investir no país ou não.
“Essa volatilidade, essa tensão do mercado financeiro, que reflete tanto na alta do dólar quanto na queda dos índices de bolsa de valores, tem a ver meramente com o cenário eleitoral e com a falta de perspectiva que o investidor ta tendo com relação ao futuro da economia do país”, disse.
Informações: Rodrigo Silva