A Emater-MG está desenvolvendo uma série de ações para ajudar os produtores rurais a conviver com a seca que castiga o Norte de Minas Gerais nos últimos anos. Em 2016, por exemplo, foi implantado em Montes Claros o Programa Municipal de Incentivo a Revitalização de Pastagens Degradadas.
O objetivo é recuperar a capacidade produtiva das propriedades rurais e viabilizar a bovinocultura no município. Foram realizados seminários em oito distritos, apresentando o diagnóstico da situação do setor produtivo e, elaborado um planejamento de ações que seriam desenvolvidas.
Segundo o coordenador técnico da Emater-MG, Luiz Aroldo Almeida, está previsto para este ano a realização de dias de campo para a apresentação dos resultados das áreas trabalhadas e a continuidade de ações, visando incentivar os produtores para adoção de tecnologias de recuperação das pastagens degradas, tais como: adubação, gradagem, subsolagem, sementes selecionadas e certificadas; além do manejo adequado das pastagens
Em toda a região, os produtores também são orientados sobre manejo correto no plantio de cana, sorgo forrageiro e capineiras para garantir a alimentação do gado nos meses mais críticos. Variedades mais resistentes à seca estão sendo apresentadas aos produtores em dias de campo.
Um exemplo é o sorgo BRS 655 e o BRS 658. Ambos apresentam maior resistência ao fenômeno climático, com boa produtividade. Eles foram desenvolvidos pela Embrapa para atender à crescente demanda por produtos que apresentem maior eficiência e melhor qualidade na alimentação do rebanho.
A Emater-MG também começa a difundir o uso da palma forrageira e do milheto para complemento na alimentação animal. Os plantios ainda são em pequena escala e dependem de mais pesquisas. Mas ambos são mais resistentes à seca e às altas temperaturas. No caso da palma, ela serve de alimento do rebanho e para ajudar na hidratação dos animais, já que é constituída por até 90% de água.
Outras ações envolvem o manejo de sub-bacias hidrográficas. No final de fevereiro, a Emater-MG firmou um convênio para Fundação Banco do Brasil, de R$ 380 mil, para revitalização de três sub-bacias hidrográficas no Norte de Minas Gerais e Vale do Jequitinhonha. O trabalho prevê, entre outros benefícios, o aumento da vazão de água de rios em Araçuaí, Brasília de Minas e Porteirinha.
Montes Claros
As ações de convivência são necessárias para evitar os prejuízos verificados na região Norte nos últimos cinco anos por causa da estiagem. Um dos municípios mais afetados com a situação climática é Montes Claros.
A Emater-MG elaborou um relatório técnico agroclimatológico sobre o impacto da estiagem durante a safra agrícola de 2016/2107, que aponta perda significativa no setor agropecuário, afetando as principais culturas de sequeiro plantadas no período das chuvas, como feijão, sorgo, mandioca, e cana-de-açúcar.
Cerca de 75% do capim que existia neste período morreu e a pastagem remanescente apresenta uma capacidade bem menor em relação ao que esperava para este mesmo período.
Vazão da água comprometida
Conforme dados obtidos do sistema de monitoramento da estiagem e de observações feitas pela Emater-MG, o município possui na zona rural cerca de 5 mil poços tubulares, sendo quase 600 deles de uso comunitário. Do total de 356 surgências de cursos d’água existentes no município, 317 estão totalmente secos, vertendo água somente durante os dias chuvosos.
“Embora estejamos na estação chuvosa, a situação permanece igual ao período da seca. Neste mês de fevereiro, todos os cursos d’água deveriam estar cheios e correntes, mas 79% deles estão totalmente secos. Detecta-se um quadro de insegurança hídrica generalizada no meio rural”, alerta o técnico extensionista da Emater-MG, José Arcanjo Marques.
A Emater-MG encaminhou o relatório para a Prefeitura de Montes Claros e para a Defesa Civil do município.
Agência Minas