Para muitos pode ser difícil resistir a dar aquela olhada no Facebook ou no Instagram na metade do expediente. A vontade de compartilhar fotos, notícias, músicas, memes engraçados ou até mesmo um textão de protesto pode surgir a qualquer momento. Afinal, a Rede social é para isso, certo? Porém, mais do que locais para trocar informações, as redes sociais permitem ver e ser visto, mas também podem ser viciantes e comprometer a vida no mundo real pelo excesso.
A chamada nomofobia (abreviatura de no mobile, sem celular em inglês), embora seja comportamental, é uma condição que, para algumas pessoas, causa a mesma sensação de necessidade, fissura e abstinência que a dependência química.

Linha tênue

O psicólogo e empreendedor Teuler Reis acredita que é preciso estabelecer limites para o uso da tecnologia: “Não tem como ficar imune ao encantamento provocado pelas mídias sociais. A transformação dos meios de comunicação é sem dúvida uma das maiores conquistas da humanidade. Porém a linha que divide o saudável e o doentio ficou tênue quando o assunto é o uso indiscriminado das redes sociais. Até mesmo para os especialistas fica difícil estabelecer o que é saudável. Fato é que uma pequena observação já é suficiente para ver que algo não vai bem. Não há controle”.

Nomofobia

Teuler aponta que certos gestos e hábitos do cotidiano mostram claramente a que ponto muitos chegaram nesta dependência: “É comum ver pessoas almoçando, caminhando pelas ruas, até mesmo quando se reúnem com amigos com o telefone na mão, ficam conectadas 24 horas por dia. Para alguns a simples ideia de ficarem desconectados já é motivo de pânico. Vejo isso com certa frequência no meu trabalho com a pousada. Muitas vezes é a primeira pergunta que fazem é se tem internet”.

Conecte-se com a Natureza

O psicólogo acredita que para minimizar a dependência das redes sociais é preciso se conectar mais com a natureza e menos com a internet. Há alguns anos, Teuler deixou Belo Horizonte para viver na Lapinha da Serra, no interior de Minas Gerais, e abriu uma pousada que busca proporcionar aos hóspedes paz interior e contato com as maravilhas naturais da região. O local atrai centenas de pessoas todos os anos e até famosos como Lulu Santos e Samuel Rosa da banda Skank: “Em Lapinha da Serra não tem nenhum sinal de operadora de telefonia. O que temos é apenas uma internet via rádio. Logo, aqui as pessoas são quase obrigadas a desconectarem-se, ainda que isso cause em um primeiro momento um certo desespero. Mas, por sua vez essa ‘imposição’ de desconectar aqui é uma possibilidade de se conectar com a natureza, conectar consigo mesmo e com o outro”.

Como amenizar a dependência das redes sociais

Teuler acredita que devemos priorizar a conexão com a vida fora da internet para encontrar um equilíbrio e uma solução para o vício em internet e celular: “me pergunto se não deveria ser o contrário, se estar conectado não seria, na verdade, estar desligado de todas redes sociais. O momento em que nos permitimos uma interação silenciosa com nosso interior e a natureza. Assim estaríamos desconectados quando mergulhamos nas redes sociais, onde o pano de fundo é, ao meu ver, a solidão.

O psicólogo apela para o que todo ser humano tem dentro de si, que é a voz interior do bom senso, como meio de se chegar a um equilíbrio: “É preciso chamar o senso crítico interno e repensar a relação com as mídias sociais, com essa conexão que mais nos desconecta. Não vou me estender nas possíveis implicações advindas do excesso, do mal uso das redes sociais. Que fique como uma provocação a reflexão, dilatar um pouco mais esse incômodo que paira sobre essa questão”.

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