Muitas pessoas aproveitam o início do ano para definir metas e traçar as estratégias necessárias para atingi-las. Pensando em saúde, este é um momento propício para realizar avaliações médicas de rotina, atentando também para o teste rápido para sífilis. Com início da implantação na atenção básica em 2016, o exame ampliou o acesso da população ao diagnóstico da doença, caracterizada como uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST).

A coordenadora de IST/Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Mayara Marques, destaca que a ampliação no acesso também traz impacto no número de casos de sífilis registrados. “Além da redução do uso de preservativo nas relações sexuais, a ampliação do diagnóstico por testagem rápida também repercutiu no aumento do número de casos de sífilis”, explica Mayara Marques.

Somente em 2019, foram realizados 729.090 testes rápidos para sífilis em Minas Gerais.

Tipos da doença

A sífilis pode ser adquirida por meio do ato sexual ou pelo contato com o sangue infectado,ou ser congênita, quando ocorre a transmissão da doença para o bebê durante a gravidez por falta de tratamento adequado.

Os sintomas variam de acordo com o estágio em que ela se encontra. Em sua primeira fase é caracterizada por uma úlcera, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus e boca). Entre seis semanas e seis meses após a infecção começa a segunda fase. Nesse caso, podem ocorrer erupções cutâneas. A fase terciária se manifesta na forma de inflamação e destruição tecidual. Nesse caso, é comum o acometimento do sistema nervoso e cardiovascular.

Especificamente para a gestante, a detecção precoce da sífilis é essencial para evitar a transmissão vertical e consequentes má formações no feto. Se não tratada a tempo, a doença pode comprometer o sistema nervoso central, o sistema cardiovascular, aparelho respiratório e gastrointestinal, além de órgãos como olhos, pele e ossos.

Em 2019, foram registrados, em Minas Gerais, 8.235 casos de sífilis adquirida, 2.514 casos de sífilis em gestante e 1.336 casos de sífilis congênita. As notificações realizadas mostram maior concentração nos grandes centros urbanos, como Belo Horizonte, Uberaba, Juiz de Fora, Governador Valadares e Montes Claros. “É importante destacar que estas regiões são as mais populosas do estado e, de forma proporcional, possuem maior número de notificações”, explica a coordenadora da SES-MG.

A principal forma de prevenção da sífilis é utilizando o preservativo, seja ele masculino ou feminino, em todas as relações sexuais.

Diagnóstico e tratamento

Para acesso ao diagnóstico de sífilis, o usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) deve procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para fazer exames de sangue (VDRL) e/ou teste rápido. Em casos de exames não reagentes para a doença e histórico de exposição à sífilis, recomenda-se a realização de uma nova testagem após 30 dias, devido ao período de janela imunológica.

Ao receber o diagnóstico de sífilis, deve-se realizar um segundo teste com metodologia diferente do primeiro (treponêmico ou não treponêmico) para confirmação. Em seguida, o usuário deve iniciar o tratamento e a testagem das parcerias sexuais na Unidade Básica de Saúde. Já no caso das gestantes, apenas um teste positivo para sífilis é determinante para início imediato do tratamento.

Embora o tratamento com penicilina seja muito eficaz nas fases iniciais da doença, métodos de prevenção devem ser implementados, pois adquirir sífilis expõe as pessoas a um risco aumentado para outras IST, inclusive a Aids. Dessa forma, o diagnóstico laboratorial desempenha papel fundamental no enfrentamento, por possibilitar a confirmação do diagnóstico e o monitoramento da resposta ao tratamento.

Ações

Mayara Marques destaca ainda que, avaliando o cenário epidemiológico da doença no estado, é importante o fortalecimento das ações já em curso, “com ênfase num trabalho de sensibilização dos profissionais da rede, de modo a melhorar o diagnóstico precoce, tratamento dos infectados, bem como suas parceiras. É importante também sensibilizar todos os profissionais para que sigam os protocolos vigentes e participem das capacitações ofertadas”.

A Coordenação Estadual de IST/Aids e Hepatites Virais da SES-MG promove capacitações in loco nas 28 regionais de Saúde do estado, com envolvimento da atenção primária e da epidemiologia. O objetivo é sensibilizar os profissionais para a realização do diagnóstico e do tratamento precoce, além da notificação e da investigação de novos casos.

Informações sobre a doença, formas de prevenção, transmissão e tratamentos disponíveis são divulgados frequentemente nas redes sociais da secretaria, site e blog. A SES-MG também publica boletins epidemiológicos a fim de sensibilizar gestores e profissionais de saúde sobre o agravo.

Saiba mais sobre a sífilis neste link.

Agência Minas

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