Mais de 30% da população compromete ao menos metade do orçamento com os pagamentos de luz, água e gás

60% das famílias brasileiras das classes D e E estão com as contas de energia atrasadas. Foi o que constatou um levantamento do Ipea, encomendado pelo Instituto Pólis.

Maria Luiz Soares perdeu tudo numa enchente, na zona norte da capital paulista. Entre as muitas dívidas que acumula, está a de energia elétrica: quase R$ 8 mil. “Tem que escolher entre a comida e a conta, e as minhas estão bem atrasadas”, conta.

O levantamento mostra ainda que mais de 30% da população compromete ao menos metade do orçamento com os pagamentos de luz, água e gás.

“A conta de luz está concorrendo com a fome nesse sentido, então se nosso país quer acabar com a fome, nós não podemos oferecer um serviço que vai piorar a situação de alimentação das famílias”, afirma Henrique Frota, diretor-executivo do Instituto Pólis.

É o que, muitas vezes, acontece na periferia. “Se tivesse o que comer, daria pras pessoas pagarem as contas, que já são altas e precisam ser reduzidas urgente, principalmente na periferia”, afirma Henrique Deloste, diretor cultural.

Para o diretor do Instituto Pólis, isentar essas famílias seria uma solução. “A proposta é que as famílias sejam isentas dessa parte da infraestrutura de distribuição, isso traria uma economia de até 59% na conta de energia elétrica dessas famílias, e quando perguntamos o que elas fariam com essa economia, uma parte significativa diz que usaria essa economia para a compra de alimentos”, diz Henrique Frota.