Projetos que envolvam inovação e sustentabilidade estão entre os que o banco deseja contemplar. Recursos chegarão às cooperativas, produtores rurais e empresas da cadeia do agronegócio, setor que responde por 22% do PIB do Estado
Projetos que tenham como foco a sustentabilidade, inciativas que visem a construção de silos e produtores rurais atingidos pela seca ou outras adversidades climáticas estão na mira do Banco de de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). A instituição anunciou, hoje, durante solenidade em sua sede no bairro de Lourdes, com a presença do governador Romeu Zema e do secretário de Estado de Desenvolvimento Social, Thales Fernandes, a oferta de R$ 1,4 bilhão em crédito para financiar o agronegócio do Estado na safra 2024/2025. O volume de recursos é 15% superior ao total liberado pelo Banco na última safra: R$ 1,23 bilhão.
O presidente da instituição, Gabriel Viégas Neto, disse à Itatiaia que os recursos são para todos, mas algumas iniciativas, como as citadas acima, são mais representativas das prioridades e preocupações do banco. Ele disse ainda que a dimensão tomada pelo setor nos últimos anos – com 22% do PIB – ‘pesou’ na decisão do banco de aumentar a oferta de crédito. “Na verdade, temos aumentado e diversificado o crédito ao longo dos últimos anos, com o intuito de atender a todos os produtores, tanto do ponto de vista de suas especificidades, quanto de valores”, falou, acrescentando que Minas é um estado naturalmente vocacionado para o agro, com uma grande importância para a balança comercial do país.
O setor representa cerca de 40% de todos os financiamentos realizados pelo Banco nos últimos 12 meses. O restante é destinado a ações de empreendedorismo feminino, inovação, micro e pequenas empresas, turismo e municípios. “Cada crédito se converte em mais desenvolvimento regional, emprego e renda na ponta, o que repercute em todas as regiões do Estado”, disse.
Projetos de irrigação estão entre as iniciativas que o banco gostaria de contemplar
Uma das prioridades será apoiar e incentivar os projetos de irrigação, levando-se em conta a lei 24931, recentemente sancionada pelo governador Romeu Zema, que cria uma Política de Agricultura Irrigada Sustentável, até então, inexistente no Estado. De acordo com o presidente do BDMG, a ideia é que os produtores não fiquem tão suscetíveis às intempéries como as secas prolongadas, podendo contar com o recurso da irrigação. “Tudo o que vira política pública é automaticamente respaldado pelo BDMG”, disse Gabriel.
Serão oferecidas ainda linhas de crédito com foco em inovações no campo, equipamentos, silos e armazéns, oriundos do Plano Safra, Funcafé, LCA, Agro Repasse, BNDES, recursos próprios, destinados a cooperativas e empresas do agro.
Sustentabilidade é um das preocupações preocupações
O Banco dispõe ainda de linhas específicas para a agricultura sustentável. Gabriel confirmou que projetos que busquem produzir com sustentabilidade são ‘a menina dos olhos’ da instituição, tanto que eles irão promover no próximo mês de setembro a segunda capacitação voltada para o desenvolvimento da cafeicultura tropical regenerativa, com oferta de mil vagas. “No ano passado, fizemos esse curso com 150 vagas e tivemos tanta procura que tivemos triplicá-las. Então, agora, faremos para mil pessoas, especialmente profissionais da assistência técnica e privada.
“Sabemos que essa transição para a agricultura sustentável é uma jornada longa. Não se faz isso da noite pro dia. Por isso, entendemos que oferecer o crédito não é suficiente. Precisamos capacitar nossos produtores para fazerem essa transição que não é simples e não é trivial. Mas é o futuro. Cada vez mais a crise climática vai nos impulsionar para isso”.
Novo negócio vai aumentar o faturamento da cooperativa em 20%
Por meio do Plano Safra, o BDMG vai disponibilizar R$ 230 milhões em financiamentos em nove linhas de crédito destinadas a empresas e cooperativas. Na última safra, 20% dos financiamentos contratados no BDMG no Plano Safra foram para construção de armazéns e silos. A Cooperativa dos Produtores Rurais do Prata (Cooprata), no Triângulo Mineiro, buscou o Banco para a construção de quatro silos. O novo negócio vai aumentar o faturamento da cooperativa em 20% no primeiro ano de operação.
“Os silos vão baratear o transporte dos produtores que irão pagar menos frete para descarregar a produção, além de diminuir o custo dos produtores que precisavam se deslocar para cidades vizinhas para estocar milho, soja e sorgo”, explica o administrador financeiro da Cooprata, Valdenir Moura. A cooperativa reúne 1850 associados que produzem laticínios como manteiga, leite, queijos e doces, além de ração animal e sal mineralizado.
Café em alta
Para apoiar a produção de café, o Banco oferece três tipos de crédito: Comercialização, que permite financiar cooperativas em valor equivalente à quantidade de produto armazenado para venda futura em melhores condições de mercado; o FAC, para a compra do café diretamente dos produtores rurais; e Capital de Giro. Serão R$ 231,7 milhões na nova Safra.
Desde o ano safra 2018/2019, o BDMG desembolsa 100% dos recursos do Funcafé destinados ao banco e, nos últimos dez anos, já são R$ 2,2 bilhões em créditos liberados nesta linha.