Engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas tiveram Dia de Campo sobre manejo sustentável do solo; curso é parceria com a Embrapa Cerrados

Engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas participaram neste sábado (23/9), em Patrocínio, no Alto Paranaíba, de aula prática sobre tecnologias sustentáveis e inovadoras na agricultura. O Dia de Campo faz parte da capacitação gratuita oferecida desde julho pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Cerrados para a introdução de novas tecnologias voltadas à agricultura de baixo carbono em Minas Gerais.O módulo de campo ocorreu na Fazenda Santa Cruz da Vargem Grande, do grupo AgroBeloni, e os inscritos conheceram na prática a utilização de remineralizadores de solo, compostagem, bioinsumos e instalação de biofábrica – todas tecnologias aplicadas na fazenda, no cultivo de grãos e de café. A empresa foi escolhida por ser referência em produção sustentável. Em 2021, por exemplo, recebeu certificação internacional de agricultura regenerativa pela produção de café e 100% dos resíduos das culturas geram adubo orgânico.
A aplicação do manejo sustentável, que promove a recuperação do solo pelo uso de remineralizadores e bioinsumos, é fundamental para conciliar o bom desempenho econômico da agricultura e práticas mais adequadas ambientalmente. Além da capacitação, o BDMG também oferece linhas de financiamento para apoiar produtores que desejam implementar essas iniciativas no Estado.

Oportunidade

O produtor rural de São José da Barra, no Sul de Minas, Paulo Marcos da Veiga é um dos alunos do curso. Ele, que também é engenheiro agrônomo, buscou a capacitação porque pretende adotar técnicas sustentáveis na fazenda, onde produz soja e milho. “Pretendo tornar minha fazenda menos dependente de insumos químicos, que estão cada vez mais caros”, explica. “Com a recuperação do solo, você consegue reduzir os custos com os defensivos químicos, para os quais ficamos muito dependentes. Cada vez tem que aplicar mais. A recuperação do solo seria uma reabilitação”, ressalta.
Sobre o curso, ele disse que foi “uma oportunidade de ouro”. “Eu queria mudar, mas não sabia como. Se não fosse essa capacitação, eu ficaria na mesmice. Agora tenho as ferramentas e a técnica para fazer essa transição da agricultura tradicional para a regenerativa. Já vamos implementar na nossa propriedade, diminuindo aos poucos o uso desses químicos”, garante.
Técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas (Emater) também estão participando da formação. A engenheira agrônoma da entidade, Guilhermina Severino, pontua que será possível levar o conteúdo para outros produtores rurais de Minas. “O dia de campo é uma aula viva e poderemos levar o conteúdo para onde atuamos”.
O curso prático foi conduzido pelo diretor do Instituto Brasileiro de Agroecologia, Antônio Teixeira, pelo doutor em ecologia microbiana, Pablo Hardoim, pelo consultor de remineralização, Antônio Bizão, e pela consultora em produção de bioinsumos, mestre e doutoranda em Microbiologia, Parasitologia e Patologia, Elisa Uemura.
Segundo Antônio Teixeira, a agricultura sustentável permite harmonizar “diversas técnicas para produzir alimentos mais saudáveis, regenerar os solos e sequestrar carbono da atmosfera”. “Compostagem de resíduos, uso de remineralizadores de solo, plantas de cobertura. Asomatória dessas ferramentas permite produzir respeitando muito mais o sistema natural, fazendo uma agricultura mais inteligente. Ter uma instituição financeira apoiando a agricultura regenerativa é bom para toda a sociedade”, destacou.

Avaliação


Para o presidente do BDMG, Gabriel Viégas Neto, a capacitação tem sido um sucesso ao difundir o conhecimento e alcance da agricultura regenerativa entre produtores de todas as regiões de Minas. “Ao sensibilizar quem produz, o potencial de implantação das novas técnicas é ampliado. As tecnologias podem trazer mais saúde e fertilidade para o solo, melhores resultados econômicos para os produtores rurais e para o agronegócio, alimentos de maior qualidade à mesa das famílias e maior fixação de carbono, uma das ferramentas mais potentes para limitar o aquecimento global até 2030. Estamos confiantes de que esta capacitação será um marco importante para aceleração dessas tecnologias no agronegócio”, afirmou. Ao todo, 450 engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas ligados a instituições de assistência técnicas ou consultores independentes, além de produtores rurais e pesquisadores, se inscreveram na capacitação iniciada em julho. Todos eles atuam em Minas Gerais e em diversas regiões, como Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, Sul/Sudoeste, Norte, Noroeste, Zona da Mata, Campo das Vertentes, Central, Rio Doce e Metropolitana de Belo Horizonte.