Foram 216 registros policiais, no ano passado, contra 106 em 2021
Os casos de gordofobia mais que dobraram no estado de São Paulo, no ano passado. Ao todo, foram 216 queixas junto à polícia, relacionadas a ofensas por causa ado excesso de peso – um crescimento de 103,7%. Em 2021, foram 106 denúncias.
O preconceito contra pessoas gordas não existe no Código Penal brasileiro e, portanto, não é considerado crime. Desta forma, os insultos costumam ser registrados, nos boletins de ocorrência, como injúria ou assédio moral.
Para orientar pessoas que já foram vítimas desse tipo de discriminação, Rayane fundou, há 2 anos, o projeto “Gorda na Lei”. “Muitas pessoas, de fato, não conhecem esses direitos, ou estão a vida inteira acostumadas com o fato de serem estereotipadas, estigmatizadas, sofrer esse bullying. Acabou se tornando natural na sociedade, então, muitas vezes, elas não têm essa força e esse conhecimento para saber o seu direito, e como agir”, argumenta Rayane Souza.
A fundadora do projeto defende ainda que, para que essas ofensas sejam punidas, ao registrar queixa na polícia, a vítima se refira ao crime como “gordofobia”.
“Essa nomenclatura precisa ser reconhecida nos tribunais, para que ela ganhe força e relevância, para que a gente discuta ela na política, na ciência, na saúde”, ela afirma.
Alvo de insultos constantes por causa do peso, a analista de qualidade Michelly fez questão de denunciar os insultos gordofóbicos que sofreu à polícia.
A esperança dela é que, um dia, na balança, o respeito pese mais que a discriminação. “É todo dia, toda hora, todo momento… mas, eu espero que isso se torne uma lei, para que as pessoas aprendam que a gente quer ser respeitado. A gente é um ser humano como qualquer um”.