Dia mundial de conscientização da doença lembra importância das medidas sanitárias de prevenção e combate

No Dia Mundial de Conscientização da Raiva, celebrado nesta terça-feira (28/9), o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), vinculado à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), alerta produtores rurais e sociedade sobre os riscos dessa doença classificada como zoonose, transmitida de animais para pessoas e responsável por surtos ligados à antropização do ecossistema. A transmissão da raiva para os herbívoros de produção se dá pelo morcego hematófago da espécie Desmodus rotundus.

Com o objetivo de combater e prevenir a doença nos rebanhos, o IMA realizou força-tarefa entre os meses de agosto e setembro nos municípios e proximidades de Patrocínio e Coromandel, regiões do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba. Foram capturados 429 morcegos em 45 abrigos. Os animais são devidamente tratados com pasta vampiricida (anticoagulante) e, após o procedimento, são soltos no seu habitat natural. Durante a operação, a equipe também vistoriou 25 propriedades rurais, além de casas abandonadas, bueiros e ferrovias desativadas.

A operação foi coordenada pelo servidor da Gerência de Defesa Sanitária Animal do IMA, Jomar Zatti, em parceria com a coordenadora regional em Patrocínio, Rosana Abadia e da chefe do escritório em Coromandel, Alice Moreira, com o apoio das regionais de Belo Horizonte, Bom Despacho, Curvelo e Juiz de Fora.

De acordo com Jomar Zatti, os atendimentos a focos e suspeitas são considerados de natureza essencial. “A missão é controlar a raiva no estado, preservando a saúde dos trabalhadores e animais do campo, amenizando eventuais prejuízos ao agronegócio. A melhor forma de prevenir os animais de produção contra a doença é a vacinação anual de todo o rebanho”, explica.

Os fiscais comparecem na propriedade para investigar e coletar material para diagnóstico, realizando tanto o controle populacional do transmissor da doença, quanto ações de educação sanitária que conscientizam a população rural.

Notificações

Além de registrar em www.ima.mg.gov.br ou por e-mail da unidade do IMA mais próxima, as notificações de suspeitas e focos da raiva podem ser feitas pelo Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergências Veterinárias (E-Sisbravet), uma ferramenta digital integrada desenvolvida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para acompanhamento do Serviço Veterinário Oficial (SVO) de cada estado da federação e instituições envolvidas.

Produtor ou profissional da área de saúde animal podem acessar a plataforma e informar suspeita de doenças ou alta mortalidade de animais. O sistema é integrado com a Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA) para acesso de dados de cadastro e população animal, além de previsão de integração com laboratório para acesso aos laudos de diagnóstico das doenças.

Raiva e saúde única

A raiva é uma das doenças mais antigas da humanidade e a que mais se relaciona com o conceito contemporâneo de “saúde única”, cujo tema amplo e diversificado é base de estudos e debates sobre a interação da saúde entre pessoas, animais e meio ambiente.

O conceito é uma abordagem que reconhece a saúde humana intrinsecamente ligada à saúde dos animais e ao meio ambiente compartilhado, tendo como objetivo alcançar resultados ideais por meio da colaboração e interação das áreas.

A mudança climática e o uso da terra, como o desmatamento e práticas agrícolas intensivas, causam perturbações nas condições ambientais e habitats, levando à disseminação de graves zoonoses. “Os animais também compartilham da nossa suscetibilidade a algumas doenças e riscos ambientais. Por causa disso, podem servir como primeiros sinais de alerta. Rastrear enfermidades em animais ajuda a mantê-los saudáveis e a prevenir surtos de doenças em pessoas”, reforça Zatti.

A data

O dia 28 de setembro também marca a morte de Louis Pasteur, o químico e microbiologista francês que desenvolveu a primeira vacina contra a raiva.

Pensando na importância da raiva como uma grave zoonose, a Aliança Tripartite (OIE, OMS e FAO) e a Aliança Global para o Controle da Raiva (Garc) estabeleceram um Plano Estratégico Global, com o principal objetivo de ter zero mortes humanas por raiva até 2030 (“Zero em 30”).

Agência Minas

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