No mês de celebração do controle da tuberculose, estatísticas de órgãos de saúde acendem o alerta sobre a doença que, durante a pandemia de Covid-19, voltou a matar milhares de pessoas
Em 24 de março, o mundo celebra o Dia de Controle da Tuberculose. Há exatos 140 anos, o médico Robert Koch (1843-1910) descobriu o bacilo causador da tuberculose humana – Mycobacterium tuberculosis. Mesmo depois de tantos anos, a doença continua sendo um problema de saúde muito importante. Dados da Organização Pan-Americana de Saúde – Opas revelam que em 2019 mais de 10 milhões de pessoas desenvolveram a tuberculose e 1,2 milhão morreram.
Outra informação relevante da Opas é que a pandemia de Covid-19 reverteu anos de progresso global no combate à tuberculose. Pela primeira vez, em mais de uma década, as mortes pela doença aumentaram no mundo. Em 2020, estima-se que cerca de 1,5 milhão de pessoas morreram vítimas da doença (incluindo 214 mil entre pessoas que vivem com HIV).
A infectologista do Sistema Hapvida, Silvia Fonseca, explica que devido à pandemia de Covid-19, as pessoas pararam de ter acesso ao diagnóstico, ao tratamento preventivo e curativo. “Houve uma estatística menor de casos novos de tuberculose, porque as pessoas estavam com dificuldade de encontrar os serviços. E, por isso, foram registradas muito mais mortes do que na década anterior inteirinha”, ressalta.
No último boletim publicado no Ministério da Saúde, consta que, em 2020, o Brasil registrou 66 mil novos casos de tuberculose. Em 2019, foram notificados cerca de 4.500 óbitos pela doença. “Em 2020, sabemos que houve mais óbitos, as estatísticas ainda não foram divulgadas”, afirma Silvia Fonseca.
Segundo a médica, a doença existe na humanidade há milhares de anos, e sempre foi relacionada a uma mortalidade bem avançada. “Até a descoberta de um tratamento adequado, cerca de 20% de todas as mortes tinham a ver com tuberculose. Inclusive, no Brasil, nos séculos 19 e 20, perdemos grandes artistas, escritores, dentre eles, Castro Alves, Álvares de Azevedo e o poeta Noel Rosa”, lembra a médica.
A tuberculose é uma infecção prevenível e curável. A doença é infecciosa, transmissível e afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas. Os principais sintomas são tosse – que pode ser acompanhada de sangue -, febre, emagrecimento, perda de apetite e sudorese noturna. A tuberculose extrapulmonar também é marcada por dor nos órgãos atacados pelo bacilo de Koch.
A doença é causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch (em homenagem ao Dr. Robert Koch, descobridor da causa da doença). Cerca de 85% das pessoas que desenvolvem tuberculose podem ser tratadas com sucesso, num regime de seis meses de remédios. E no caso do Brasil, esses remédios são oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde-SUS.
Apesar de ser uma infecção que é possível fazer o diagnóstico, para a qual existem medidas preventivas e tratamento curativo, a tuberculose continua matando pessoas no mundo todo. “Cerca de 30 países, dentre eles o Brasil, concentram o maior número de casos e igual a números de mortes”, informa a médica do Sistema Hapvida.
A tuberculose concentra-se em lugares onde tem mais pessoas desnutridas, com más condições de moradias, ou seja, pessoas que estão na linha da pobreza e indivíduos portadores do vírus HIV e não estão sendo tratados. “Além disso, a diabetes e o fumo também podem agravar quadros de tuberculose”, reforça Silvia Fonseca.
No Brasil, existe o Programa de Controle de Tuberculose, que compreende a identificação e o tratamento do paciente portador da doença, bem como das pessoas que moram com ele. Além disso, o SUS oferece gratuitamente a vacina, logo no primeiro mês de vida, que protege das formas mais graves da doença.