Irão a júri popular as seis pessoas indiciadas pela morte da jovem grávida, Greiciara Belo Vieira, de 19 anos, encontrada morta e com a barriga aberta, dentro de uma represa em Ituiutaba, no Pontal do Triângulo Mineiro. A decisão já foi publicada pela comarca da cidade essa semana.
Estão presos desde a época do crime, registrado em 19 de agosto de 2016, Shirley de Oliveira Benfica, de 31 anos, que seria a mandante; a travesti Lucas Matteus da Silva – Mirela, 23; a travesti Jonathan Martins Ribeiro de Lima – Yasmin, 25; a enfermeira Jacira Santos de Oliveira, 61, acusada de fazer a cesárea para roubar o bebê; Michel Nogueira de Oliveira, acusado de amordaçar a grávida e Luis Felipe Morais, acusado de asfixiar a vítima.
Todos eles serão julgados por homicídio quadruplamente qualificado – motivo fútil, por meio cruel, impossibilitar a defesa da vítima e para assegurar a execução de outro crime-, por exposição de perigo da vida da criança, por sequestro qualificado e por ocultação de cadáver.
De acordo com o juiz Marcos José Vedovotto, os acusados não poderão aguardar o julgamento em liberdade, devido à gravidade do fato e para garantir a segurança das testemunhas que irão depor no processo.
O corpo de Greiciara Belo Vieira, de 19 anos, foi encontrado boiando em uma represa próxima a um canavial, com a barriga aberta em um grande ferimento. Tratava-se de uma cesárea clandestina, um crime bárbaro que chocou toda a região e o Brasil. A vítima estava grávida de 9 meses.
Após investigações, a denúncia apresentada pelo Ministério Público (MP) indicou que Greiciara foi morta com requintes de barbárie para a retirada do bebê que ela esperava.
A acusada de ser a mandante, Shirley Benfica, é ex-garota de programa. Ela simulava uma gravidez enganando um homem de alto poder aquisitivo da cidade de Araguari com quem vinha se relacionando. Para terminar o plano e acobertar a farsa de que esperava um filho do empresário, para tentar manter o relacionamento, ela encomendou um bebê, oferecendo um prêmio de R$ 3 mil.
A travesti Mirela, que era amiga da vítima Greiciara, de olho na recompensa – dinheiro e um celular – decidiu, no dia 17, praticar o crime. No dia 18, as duas foram para Uberlândia, onde a vítima morava e armaram tudo com os demais comparsas.
Eles ofereceram roupinhas e enxovais de bebê para Greiciara e a atraíram para a morte. No dia 19 ela foi dopada com sonífero, levada até um canavial, em local ermo, e submetida à cesariana clandestina ainda viva e sem anestesia. O bebê foi retirado por Jaciara com os gritos de socorro da mãe, e entregue à Yasmin.
Ainda de acordo com o MP, antes de chegar no canavial, Greiciara sequestrada foi amordaçada com um macacão de bebê dentro do carro. Chegando ao local, Jacira fez o parto sem qualquer anestesia com a vítima ainda cosciente e pedindo socorro. O bebê foi entregue à Yasmin.
Michel e Luis colocaram uma pedra grande dentro da barriga da jovem, para que ela afundasse na água, e enrolaram uma tela de arame no corpo. Ela foi morta por asfixia e jogada na represa.
Os acusados acreditavam que o corpo não voltaria à superfície. Mas, no domingo, dia 21 de agosto, ele emergiu e foi visto por dois ciclistas que faziam trilha. Greiciara era tida como desaparecida em Uberlândia e foi só cruzar informações para ligar um caso ao outro.
A bebê foi resgatada na casa de uma vizinha de Shirley e entregue à avó materna sob guarda definitiva. Ela se chama Alícia Marianny.
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