O Ministério Público de Goiás vai realizar uma força-tarefa para ouvir mulheres que relatem terem sofrido abuso sexual do médium João Teixeira de Farias, conhecido como “João de Deus”. Uma reportagem da TV Globo, exibida na última sexta-feira (8), denunciou 13 supostos assédios cometidos pelo religioso, que realizava cirurgias espirituais em Abadiânia, no interior do estado, desde 1976. Os casos teriam ocorrido entre a década de 1980 e o ano passado.
A bailarina holandesa Zahira Leeneke Maus foi a única vítima que aceitou se identificar. Ela relata que o religioso a obrigou a masturbá-lo enquanto ela chorava. “Ele dizia que estava me liberando das energias negativas”, disse a mulher, que afirma ter sido convidada para uma consulta particular após um atendimento na Casa Inácio Loyola, local das consultas.
Em uma das visitas, ela diz ter sido levada até o banheiro da sala de João de Deus, onde ele se posicionou atrás dela. “Ele agarrou minha mão direita e a colocou por trás de mim, nas calças dele”, relata. João de Deus também teria tocado partes do corpo dela, como os seios.
“Você deveria sorrir, você deveria estar feliz”, teria dito o religioso. Em outra ocasião, segundo a holandesa, ele repetiu as ações e deu “um passo adiante”. “Ele me penetrou por trás e de novo esses… Eu nem consigo descrever”, lamenta Maus.
A holandesa relata que o médium a pediu que voltasse outras vezes após os abusos. Além dela, outras 38 mulheres fizeram denúncias semelhantes a João de Deus. Algumas das supostas vítimas eram crianças ou adolescentes no momento dos crimes.
João de Deus já havia sido acusado de assédio sexual em 2010, mas foi absolvido em 2012 por falta de provas. Ele ganhou fama mundial por promover a cura de doenças por meio de atividades espirituais. A Casa Inácio Loyola recebe mais de 10 mil visitas por mês.
Em nota, o religioso disse que “rechaça veementemente qualquer prática imprópria em seus atendimentos”. A defesa relata que a maior parte dos procedimentos é feita em grupo e diz que João de Deus está à disposição da Justiça para esclarecimentos.
Ansa Brasil