A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu Mateus Henrique Leroy Alves, de 37 anos, suspeito de desviar cerca de R$ 600 mil doados em campanha para o tratamento do filho João Miguel, de 1 ano e 7 meses. A criança, que tem atrofia muscular espinhal (AME), precisa tomar doses de o remédio Spinraza, cuja dose custa cerca de R$ 360 mil. O homem foi preso no quarto de um hotel em Salvador-BA.
Segundo as investigações da Polícia Civil, a família conseguiu arrecadar mais de R$ 1 milhão e o pai gastou R$ 600 mil em viagens, perfumes, relógios e roupas de marca, além de esbanjar R$ 7 mil em noitadas em um motel. Em vídeos, o pai do menino aparece em hotéis de luxo depois de abandonar a família.
O homem também estaria ainda envolvido em um esquema de prostituição. Conforme provas colhidas, ele conversou por áudio com uma mulher com quem combinava o ‘gerenciamento’ de garotas de programa. Com parte da quantia, ele pretendia levar estas mulheres de MG até Salvador e mantê-las em uma casa. Os planos, porém, não deram certo e ele foi preso na segunda (29).
A cidade mineira de Conselheiro Lafaiete, onde o menino mora, recebeu a notícia com perplexidade, já que os moradores se uniram para arrecadar dinheiro para o tratamento do pequeno João Miguel. Em quase um ano, foram arrecadados mais de R$ 1 milhão. A campanha contou também com o engajamento de artistas e jogadores de futebol.
A campanha para arrecadar fundos para o tratamento de Miguel foi encerrada em junho quando a família conseguiu na Justiça o direito de receber três doses do remédio via SUS. O dinheiro para as outras três doses que ele precisa tomar estava na conta, mas foi gasto pelo pai.
Defesa alega extorsão
O advogado Túlio César de Melo Silva confirmou a versão de seu cliente, que afirmou que havia ido até Belo Horizonte fazer um curso de segurança. Ele teria ido então até um ponto de comércio de drogas e conhecido um traficante. O bandido teria tomado conhecimento da campanha e extorquido Mateus.
“A história que ele me contou parece que é a mesma que ele já contou para o delegado, que ele foi, na verdade, extorquido, né? [Isso aconteceu] quando ele foi para Belo Horizonte fazer um curso de segurança. Um curso interessante, porque parece que foi a própria irmã que pagou. Ele foi fazer o curso e conheceu uma pessoa que o levou até uma boca de fumo. Nessa boca, ele comprou droga (…) e pensou em fazer uma sociedade com um traficante. Esse traficante, então, talvez não sei se já sabia ou investigou um pouco sobre o Mateus, descobriu sobre a campanha, dos valores da campanha e, em cima disso, começou a extorquir [dinheiro] do Mateus.”