Jair Bolsonaro voltou, nesta sexta-feira (20), a defender o filho, o senador Flávio Bolsonaro, das investigações sobre um suposto esquema de desvio de recursos públicos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Segundo o presidente, o Ministério do Público do estado não encontrou evidências contra o filho dele.

“Desde o ano passado investigam meu filho, não acharam nada – peraí que ainda não terminei – ele foi acusado pelo Ministério Público do Rio de colocar um depósito fracionado de dois mil no caixa eletrônico. Aí criticam porque a loja dele vendeu mais. Quem leva mais gente – e ele leva um montão de gente lá – ganha mais”, explicou Bolsonaro, demonstrando irritação.

O presidente se referiu à franquia de uma rede de chocolates de propriedade de Flávio Bolsonaro e de um sócio. Dados levantados pelo MP mostram que a loja do senador, localizada em um shopping na zona oeste do Rio, recebeu R$ 21,1 mil reais, entre 2015 e 2018, em depósitos feitos pelo sargento da Polícia Militar Diego Sodré de Castro Ambrósio. O parlamentar alega que o dinheiro era referente ao pagamento de produtos do estabelecimento, adquiridos pelo PM para presentear clientes.

A procuradoria também afirma que Flávio Bolsonaro movimentou R$ 2,2 milhões de reais com a loja de chocolate e imóveis. Ao ser questionado, por um jornalista, qual seria a reação dele se o filho tivesse de fato cometido algum deslize, Bolsonaro foi ríspido na resposta: “Você tem uma cara de homossexual terrível, mas nem por isso eu te acuso de ser homossexual”.

O Ministério Público do Rio de Janeiro retomou as investigações do suposto esquema e, há dois dias, cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados à família Bolsonaro.

Os procuradores investigam um suposto esquema de rachadinha, no qual funcionários do gabinete do então deputado estadual, na ALERJ, eram obrigados a devolver parte dos salários para o parlamentar, com a participação do ex-assessor dele, Fabrício Queiroz. No ano passado, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), revelou que Queiroz realizou transações bancárias de mais de um milhão de reais entre 2016 e 2017.

A quebra de sigilo bancário obtida pelo Ministério Público do Rio, nesta fase da operação, apontou que Fabrício Queiroz recebeu mais de dois milhões de reais por meio de quatrocentos e oitenta e três depósitos feitos por treze servidores subordinados ao gabinete de Flávio Bolsonaro.

Uma nova quebra de sigilo bancário obtida pelo MP apontou ainda que o ex-assessor parlamentar recebeu mais de dois milhões de reais por meio de quatrocentos e oitenta e três depósitos feitos por treze servidores subordinados ao gabinete de Flávio Bolsonaro.

O advogado do senador questiona o vazamento de informações sigilosas, nega a existência do esquema de rachadinha e critica o Ministério Público do estado. “Jamais ocorreu qualquer crime, já está provado que não houve qualquer repasse de recurso a Flávio Bolsonaro, seja de Fabrício Queiroz, seja de qualquer assessor. Tanto é verdade que o Ministério Público teve elementos mínimos para sequer oferecer denúncia contra meu cliente Flávio Bolsonaro”, argumentou o defensor do parlamentar, Frederick Wassef.

Nesta quinta-feira (19), a defesa de Flávio Bolsonaro também entrou com um pedido de habeas corpus, no Supremo Tribunal Federal, para barrar, mais uma vez, as investigações sobre o caso, sob a prerrogativa de que há irregularidades nas apurações. Se aceito, o requerimento pode evitar um pedido de prisão contra o filho do presidente, novas diligências e até suspender o caso.

O recurso está sendo analisado pelo ministro Gilmar Mendes, relator da ação, que já solicitou ao Ministério Público e ao Superior Tribunal de Justiça mais informações. No entanto, como o judiciário está em recesso, o tema deve ser analisado, na volta das férias, por Gilmar Mendes ou ainda pelo presidente do Supremo, Dias Toffoli, que está de plantão no STF.

SBT

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