Um dos mais conhecidos programas de incentivo à cultura no Brasil, a Lei Rouanet registrou uma captação recorde no primeiro semestre de 2025; atingindo R$ 765,9 milhões. Este montante é o maior já registrado para o período desde a criação da lei em 1991, representando um aumento de quase 40% em relação ao ano anterior.
O valor reflete uma renúncia fiscal igualmente recorde: empresas e pessoas físicas optaram por destinar parte de seus impostos, que podem atingir até 4% do lucro real para empresas, para financiar projetos culturais, em vez de recolher o valor total ao governo.
Apesar do sucesso geral na captação de recursos, a distribuição do montante arrecadado permanece como um ponto sensível e objeto de debate: uma parte significativa dos recursos continua a ser direcionada a artistas e instituições com estruturas já consolidadas e maior visibilidade, que demonstram mais facilidade em atrair grandes marcas e patrocínios; enquanto projetos menores e artistas iniciantes frequentemente encontram barreiras para acessar o sistema e garantir o apoio necessário.
A concentração dos recursos alimenta discussões sobre a democratização do incentivo. Há questionamentos sobre a necessidade de revisão das regras para priorizar novos talentos e projetos com maior impacto social ou regional e de avaliação se grandes eventos já financeiramente estáveis deveriam ou não depender de incentivos governamentais via renúncia fiscal.
